Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil caiu 0,16 por cento em setembro sobre agosto, a 3,779 trilhões de reais, divulgou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira, avaliando que houve melhoria das condições de mercado no mês, razão pela qual voltou a mirar a rolagem de 100 por cento da dívida no ano.
Com o movimento, a dívida fechou o terceiro trimestre praticamente na banda inferior da meta estabelecida para 2018 pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), de 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais.
Em setembro, a dívida pública mobiliária interna teve baixa de 0,07 por cento, a 3,628 trilhões de reais, diante do resgate líquido de 26,77 bilhões de reais e apropriação positiva de juros de 24,22 bilhões de reais.
Por sua vez, a dívida externa teve retração de 2,34 por cento, a 151,12 bilhões de reais. No mês, o dólar caiu 0,87 por cento, com investidores reduzindo posições compradas, que apostam na alta, após a corrida ao Palácio do Planalto ter se polarizado entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), com o capitão da reserva na dianteira das pesquisas.
Diante de um comportamento mais favorável dos mercados no mês, o Tesouro Nacional voltou a mirar 100 por cento de rolagem da dívida em 2018, afirmou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital.
Depois da alta volatilidade vista em agosto, o Tesouro divulgou no início de setembro que poderia reduzir a oferta global de títulos no ano, o que implicaria menor rolagem da dívida.
Mas segundo Vital, o cenário externo em setembro foi "bastante positivo" para emergentes, ao mesmo tempo em que houve arrefecimento gradual das incertezas no cenário doméstico, especialmente quanto às eleições presidenciais, contribuindo para a queda da curva de juros.
Em coletiva de imprensa, ele avaliou que o quadro foi capturado pelos leilões do Tesouro, com a taxa de corte caindo ao longo do mês. Ao mesmo tempo, o Tesouro ofertou menores volumes de LFTs nos leilões. Esses papéis pós-fixados são historicamente mais demandados por investidores quando há percepção de aumento do risco.
Vital também afirmou que, à medida que as condições de mercado seguirem melhorando, gradualmente o Tesouro voltará a emitir títulos prefixados mais longos.
Em relação à composição da dívida em setembro, as LFTs, que flutuam com a Selic, seguiram respondendo pela maior fatia, a 34,08 por cento do total, embora tenham caído sobre o patamar de 34,95 por cento de agosto. Com isso, seguiram dentro da faixa de 33 a 37 por cento estabelecida como meta para o ano.
Ao mesmo tempo, os títulos prefixados subiram a 33,88 por cento do total, sobre 33,19 por cento no mês anterior e uma meta de 32 a 36 por cento para 2018.
Os papéis indexados à inflação, por sua vez, viram sua fatia ser elevada a 27,84 por cento, ante 27,54 por cento no mês anterior, sendo que a referência para o ano é de 27 a 31 por cento.
A participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna caiu a 11,67 por cento em setembro, ante 11,92 por cento em agosto, apontou ainda o Tesouro.
EMISSÃO EXTERNA
Sobre a possibilidade de o Brasil fazer emissões externas, Vital pontuou nesta sexta-feira que o mercado externo "não está tão favorável" para uma operação do tipo, mas que o governo seguirá avaliando essa possibilidade.
"Havendo evolução favorável no mercado externo e seguindo diretriz de emissões qualitativas, o Tesouro poderia considerar emissão externa", afirmou.