BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil cresceu 1,69 por cento em novembro sobre outubro, a 3,827 trilhões de reais, entrando enfim no intervalo estabelecido como meta para 2018 no penúltimo mês do ano, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira.
Pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), o alvo a ser perseguido pelo governo é de um intervalo entre 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais para o estoque geral da dívida. Em outubro, o estoque somava 3,763 trilhões de reais.
Questionado se a demora para ingresso na meta do PAF indicava que o Tesouro tinha sido muito conservador ao traçar seus objetivos, o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas, afastou essa leitura.
"Eu acho que não se trata de ter sido conservador, se trata de o Tesouro ter desenhado uma série de cenários possíveis para o ano e ter chegado próximo a finalizar o ano dentro desse cenário previsto", disse.
Para 2019, ele afirmou que o PAF não deverá trazer "grandes novidades" em termos de estratégia, pontuando que as diretrizes permanecem as mesmas, por exemplo, em termos de prefixação e alongamento da dívida.
Lobarinhas disse ainda que o cumprimento do plano dependerá das condições de mercado, como de praxe.
O avanço da dívida total no último mês foi puxado pela dívida pública mobiliária interna, que teve expansão de 1,59 por cento em novembro, a 3,680 trilhões de reais, em função da emissão líquida de 34,49 bilhões de reais e apropriação positiva de juros de 23,20 bilhões de reais.
O aumento de 4,27 por cento da dívida externa na mesma base de comparação também colaborou, indo a 146,96 bilhões de reais. O movimento teve como pano de fundo a alta do dólar frente ao real. No último mês, a moeda norte-americana teve valorização de 3,58 por cento, após dois meses consecutivos de retração, refletindo preocupações com o crescimento global. [nL2N1Y51DI]
Lobarinhas destacou que novembro foi marcado pela presença de volatilidade, tanto no mercado externo e um "pouco também" no mercado doméstico, tendo a guerra comercial como "tema central".
"Um outro fator que também merece destaque é a queda no preço do petróleo, que impactou negativamente moedas de mercados emergentes e nós não fomos exceção a essa regra", disse.
Quanto à composição da dívida, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso em relação ao total, com fatia de 35,40 por cento, acima do patamar de 35,27 por cento em outubro, mas dentro da faixa de 33 a 37 por cento estabelecida como meta para o ano.
Enquanto isso, os títulos prefixados subiram a 32,86 por cento da dívida geral, sobre 32,51 por cento no mês anterior e uma meta de 32 a 36 por cento para o ano.
Já os papéis indexados à inflação viram sua participação diminuir a 27,72 por cento, ante 28,31 por cento em outubro, sendo que a referência para 2018 é de 27 a 31 por cento.
A participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna caiu a 11,74 em novembro, ante 11,97 por cento um mês antes, divulgou ainda o Tesouro.
Lobarinhas pontuou que a despeito dessa queda, em termos de volume os estrangeiros acumulam até novembro um crescimento de 15,8 bilhões de reais em seu estoque no ano, interrompendo saídas verificadas nos anos fechados de 2017 (-11,5 bilhões de reais) e 2016 (-70 bilhões de reais).
"Acho que é resultado importante ter havido acréscimo no estoque desses investidores não-residentes, sobretudo após os resultados que tivemos em 2016 e 2017", disse.
"Eles aumentaram o estoque, só que aumentaram em uma velocidade menor que em outros grupos, daí a participação ter reduzido", completou.
(Por Marcela Ayres)