Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - Parece cada vez mais provável que os formuladores de política monetária do Federal Reserve terminem este ano com a taxa básica de juros inalterada e comecem 2024 refletindo sobre o momento de seu primeiro corte nos custos de empréstimos, à medida que tentam criar um "pouso suave" para a economia.
Essa foi a mensagem geral nesta terça-feira do diretor do Fed Christopher Waller, uma voz "hawkish" (agressiva contra a inflação) e influente no banco central dos Estados Unidos, que destacou que qualquer corte nos juros não teria "nada a ver com a tentativa de salvar a economia ou a recessão", mas sim com o objetivo de garantir que a política monetária não se torne excessivamente rígida à medida que a inflação recua.
"Estou cada vez mais confiante de que a política monetária está bem posicionada para desacelerar a economia e levar a inflação de volta a 2%", disse Waller ao think tank American Enterprise Institute.
"Se observarmos que a desinflação continua por mais alguns meses -- não sei quanto tempo pode ser, três meses, quatro meses, cinco meses... você poderia então começar a reduzir a taxa básica só porque a inflação está mais baixa."
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"A inflação ainda está muito alta, e é muito cedo para dizer se a desaceleração que estamos vendo será sustentada", disse ele. "Ainda há uma incerteza significativa sobre o ritmo da atividade futura e, portanto, não posso dizer com certeza se o (Comitê Federal de Mercado Aberto) fez o suficiente para alcançar a estabilidade de preços."
Em uma reunião da Associação de Banqueiros de Utah, a diretora do Fed Michelle Bowman levou essas dúvidas adiante, levantando uma série de questões sobre a durabilidade do progresso da inflação, que caiu, pela medida preferencial do banco central, de um pico de 7,1% no verão norte-americano passado para uma leitura recente de 3,4%.
"Minha perspectiva econômica básica continua a prever que precisaremos aumentar ainda mais a taxa básica para manter a política monetária suficientemente restritiva para reduzir a inflação para nossa meta de 2% em tempo hábil", disse Bowman.
Mas até mesmo Bowman, que, assim como Waller, está entre os mais "hawkish" do Fed, não chegou a pedir um novo incremento nos custos de empréstimos, dizendo, assim como Waller, que isso dependerá dos dados econômicos.
O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, em breves comentários em um evento separado, repetiu sua opinião de que a inflação parece destinada a cair este ano em seu ritmo mais acentuado em mais de 70 anos.
Waller apontou para os dados recentes e saudáveis que já foram na direção do Fed, com os preços ao consumidor ficando estáveis em outubro, o enfraquecimento dos gastos no varejo e uma lenta desaceleração no crescimento dos salários.
O mercado de trabalho continua "bastante apertado" e merece ser observado, disse ele, enquanto uma queda recente nos custos de empréstimos de longo prazo do mercado atenuou parte do aperto de crédito do qual o Fed depende para desacelerar a economia.
No entanto, os juros de longo prazo "ainda estão mais altos do que estavam antes de meados do ano e as condições financeiras gerais estão mais apertadas, o que deve estar pressionando para baixo os gastos das famílias e das empresas", afirmou Waller.
"Em suma, parece que o crescimento da produção está se moderando como eu esperava, apoiando o progresso contínuo da inflação."