CARACAS (Reuters) - A Venezuela alertou na terça-feira que pode sair da Organização dos Estados Americanos (OEA) se o grupo decidir seguir em frente com uma possível reunião de chanceleres para debater a situação do país em crise.
A Venezuela, comandada por um governo de esquerda, e a OEA têm se confrontado por meses e a liderança da organização afirmou que o país deve ser suspenso do grupo caso não realize eleições gerais "o mais rápido possível", em meio a uma penosa crise econômica.
A organização sediada em Washington disse na terça-feira que seu conselho permanente vai realizar uma reunião nesta quarta "para a 'consideração da resolução convocando uma reunião de consulta à ministros de Relações Exteriores' sobre a situação na Venezuela".
A organização informou que a reunião foi convocada por mais de doze países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos.
"Caso uma reunião de ministros de Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos aconteça sem a aprovação e consentimento do governo venezuelano, eu recebi instruções do presidente Nicolás Maduro para começar o processo de remoção da Venezuela dessa organização", disse a ministra de Relações Exteriores venezuelano, Delcy Rodríguez, à TV estatal na terça-feira à noite.
O governo de Maduro considera a OEA como um braço da política hostil dos Estados Unidos e tem frequentemente desprezado o líder do grupo, Luis Almagro, um ex-ministro de Relações Exteriores do Uruguai, como um vira-casaca trabalhando para seus adversários em Washington.
Para que a Venezuela seja suspensa da OEA, é necessário o voto de dois terços das 34 nações que fazem parte da Assembleia-Geral da organização. Caracas pode contar com o apoio de vários países pobres da América Central e do Caribe que recebem petróleo da Venezuela em termos favoráveis.
Aliados de esquerda como a Bolívia e o Equador também apoiariam Maduro, um ex-motorista de ônibus que chegou até o cargo de ministro de Relações Exteriores guiado por seu mentor Hugo Chávez.
Entretanto, a política na América do Sul está tendendo para a centro-direita, com o Brasil, Argentina e Peru perdendo governos de esquerda recentemente.
(Reportagem de Alexandra Ulmer)