SÃO PAULO (Reuters) - A geradora de energia Engie Brasil segue interessada em expandir seus investimentos para o setor de transmissão, mas será cautelosa e manterá a disciplina financeira, disse um executivo da empresa nesta quarta-feira, após a companhia não arrematar nenhum lote em um leilão de concessões para novas linhas realizado pelo governo nesta semana.
A licitação na segunda-feira teve 31 concessões arrematadas, dentre 35 oferecidas, com uma forte competição por diversos empreendimentos que levou a um deságio médio de 36,5 por cento em relação à receita máxima oferecida para os investidores. Três lotes chegaram a registrar descontos acima de 50 por cento.
"Mantivemos a disciplina financeira de ir até o limite que a gente acha razoável para criar valor. A partir daquele limite, a gente não vai, a gente quer crescer criando valor", afirmou o diretor financeiro da Engie, Carlos Freitas, durante teleconferência com investidores.
Ele lembrou que a companhia disputou até o final o primeiro e maior lote do leilão e avaliou que provavelmente outros competidores assumiram premissas mais agressivas quanto às reduções de custos que poderiam ser implementadas na construção das linhas de transmissão e quanto ao prazo de entrega das obras.
Agora, segundo Freitas, a Engie irá seguir estudando o setor, em preparação para as próximas licitações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende licitar cerca de 4,4 bilhões de reais em linhas de energia no segundo semestre e cerca de 5,3 bilhões em 2018, sem contar a relicitação de obras paralisadas pela espanhola Abengoa, que aguarda uma discussão judicial e pode acontecer ainda neste ano.
"A gente vai continuar analisando com carinho a entrada no setor de transmissão", disse Freitas.
Ele comentou ainda que a Engie vê espaço para expansão também por meio de fusões e aquisições, dada a baixa dívida e a forte posição de caixa da companhia.
JIRAU
A Engie Brasil Energia deverá iniciar nos próximos meses um processo para comprar junto à sua controladora Engie a fatia da companhia na hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, uma das maiores do Brasil.
Pelo modelo utilizado pela francesa Engie para os investimentos em grandes projetos hidrelétricos no Brasil, a controladora participa dos empreendimentos para depois repassá-los à subsidiária local.
"Esperamos neste ano, não temos ainda uma expectativa de quando, mas esperamos que o processo comece de fato daqui a pouco", disse Freitas, sem dar detalhes.
(Por Luciano Costa)