La Paz, 24 out (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu na noite de quinta-feira que a vitória obtida conforme a apuração das eleições do domingo passado "é constitucional", em meio às denúncias de fraude feitas pela oposição.
Morales fez um pronunciamento na televisão estatal "Bolívia TV" após vencer no primeiro turno com 47,07% dos votos, contra 36,51% do opositor Carlos Mesa, segundo dados do órgão eleitoral.
"Ganhamos com mais de 10 pontos percentuais, é constitucional", declarou em referência à diferença de 10,56 pontos.
O sistema eleitoral na Bolívia considera ganhador ainda no primeiro turno o candidato que obtiver mais de 50% dos votos ou, pelo menos, 40% com uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado. Se nenhum candidato atingir essas porcentagens, os dois mais votados vão ao segundo turno.
Morales, o primeiro presidente indígena eleito nas urnas na história da Bolívia, e que buscava a reeleição para o quarto mandato consecutivo, acusou a oposição de "desconhecer o voto indígena" e questionou se "é crime ganhar".
O governante também mencionou a Organização dos Estados Americanos (OEA), que pede um segundo turno diante das dúvidas a respeito do processo eleitoral na Bolívia.
"Que tipo de organização internacional é?", questionou, ao recomendar que a OEA realize uma auditoria em vez de questionar o processo antes de conhecer os resultados. Morales disse não ter "nenhum problema" em disputar um segundo turno, mas defendeu a vitória antecipada.
O opositor Carlos Mesa pediu aos bolivianos uma luta pacífica para não permitir a fraude eleitoral da qual acusa Morales, virtual ganhador e à espera da proclamação por parte do órgão eleitoral. O candidato da aliança Comunidade Cidadã denunciou que o Movimento ao Socialismo, de Morales, "acaba de consumar a fraude".
Mesa recebeu nas últimas horas apoio da OEA, da União Europeia (UE) e dos governos de Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos para que haja um segundo turno.
Para esta sexta-feira estão convocadas manifestações em várias cidades, como La Paz, sede do governo e do Legislativo, para expressar rejeição aos resultados.