(Reuters) - A economia dos Estados Unidos se expandiu num ritmo moderado de fevereiro até o início de abril e empresas tiveram dificuldades com a inflação alta e a escassez de trabalhadores, segundo um relatório do banco central dos EUA divulgado nesta quarta-feira.
As mais recentes evidências anedóticas de empresas norte-americanas pintam o cenário de uma economia que recebeu impulso da queda nos casos de Covid-19 e permanece resiliente, apesar da inflação elevada em meio a gargalos nas cadeias de suprimentos.
A inflação continua a ser uma preocupação, com a demanda ainda superior à oferta de tudo, desde mão de obra até bens, o que não é ajudado pelos recentes lockdowns na China para restringir a propagação do coronavírus e pelo aumento nos custos de alimentos e energia como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Os atrasos na cadeia de suprimentos, o aperto do mercado de trabalho e os custos elevados de insumos continuaram a representar desafios à capacidade das empresas de atender à demanda", disse o Federal Reserve em sua pesquisa, conhecida como "Livro Bege", realizada em seus 12 distritos até 11 de abril. "As perspectivas de crescimento futuro foram obscurecidas pela incerteza criada pelos recentes desdobramentos geopolíticos e pelo avanço dos preços."
O Fed subiu sua taxa de juros em março pela primeira vez em três anos, mas ela ainda permanece baixa, atualmente num intervalo entre 0,25% e 0,5%.
CONFIRA: Monitor da taxa de juros do FED
Espera-se que o banco central eleve os juros em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião de política monetária, nos dias 3 e 4 de maio, e continue com uma série de ajustes nos custos dos empréstimos neste ano, destinados a reduzir a inflação elevada. Os preços ao consumidor avançaram 8,5% sobre um ano antes no mês passado, maior taxa desde 1981.
O Fed também decidirá em maio, provavelmente, iniciar o processo de redução de seu balanço patrimonial, que aumentou para cerca de 8,5 trilhões de dólares em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas conforme o banco central buscava manter baixos os custos de empréstimos ao consumidor durante o pior período da pandemia de Covid-19.
As vagas de emprego em aberto nos EUA permanecem perto de recordes, a taxa de desemprego está em 3,6% --mínima em dois anos-- e os salários foram impulsionados num ritmo saudável, mesmo que para a maioria dos trabalhadores eles não tenham acompanhado a inflação.
"Muitas empresas relataram rotatividade significativa à medida que os trabalhadores saíram em busca de salários mais altos e horários de trabalho mais flexíveis", disse o relatório do Fed.
(Por Lindsay Dunsmuir)