Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar forte ajudou a indústria brasileira a fechar mais contratos no exterior, compensando em parte a fraqueza da demanda doméstica e reduzindo o ritmo de contração do setor em março, apontou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta sexta-feira.
O PMI da indústria brasileira subiu a 46,0 em março contra 44,5 em fevereiro. Mas apesar da melhora, esse foi o 14º mês seguido em que o indicador ficou abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
A demanda doméstica continuou a padecer com a crise econômica, mas o aumento das encomendas do exterior para o maior nível em seis anos e meio ajudou a aliviar um pouco o nível de contração da produção em março. As exportações estão em território de expansão desde dezembro.
"As indústrias vão torcer para que a melhora da competitividade no exterior, com a ajuda da fraqueza do real, possa ajudar a sustentar o crescimento das novas encomendas externas nos próximos meses", disse em nota a economista do Markit Pollyanna De Lima.
De acordo com o Markit, níveis mais fracos de retração de novas encomendas no geral foram verificados nos três subsetores pesquisados, com destaque para o de bens intermediários.
Mas embora o dólar forte ajude a competitividade da indústria no exterior, ele continua a pressionar os custos e os preços de insumos permaneceram bem acima da média de longo prazo da série.
Os produtores procuraram cortar custos mais uma vez em março, e 16 por cento dos entrevistados reportaram dispensas. O número de vagas foi reduzido nos três subsetores, sendo a maior queda em bens de investimento.
"Com a economia do Brasil em uma tendência ininterrupta de contração, mais uma rodada de corte de empregos era inevitável", completou Pollyanna.
Depois de registrar em 2015 o pior desempenho histórico com recuo de 8,3 por cento, economistas projetam nova contração de 4,4 por cento da produção industrial este ano, de acordo com a mais recente pesquisa Focus do Banco Central.