Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O número de famílias endividadas na capital paulista subiu em março pelo segundo mês seguido, mas o prazo do endividamento seguiu em queda, atingindo o menor nível em pelo menos dois anos, afirmou nesta terça-feira a FecomercioSP.
Segundo a entidade, 54,6 por cento do total das famílias paulistanas tinham dívidas, o que equivalia a uma alta de 4,4 pontos percentuais ante mesma etapa do ano passado.
No fim do mês passado havia 2,13 milhões de famílias endividadas na capital paulista, 185 mil a mais em 12 meses.
A taxa de famílias que disseram que não conseguiram quitar a dívida na data do vencimento atingiu 19,3 por cento em março alta sequencial de 1 ponto e crescimento de 1,8 ponto contra um ano antes.
O percentual de famílias que admitem que não terão condições de pagar os atrasos subiu de 7,7 para 8,4 por cento de fevereiro para março. Um ano antes, a taxa tinha sido de 8,7 por cento.
Segundo a FecomercioSP, o cartão de crédito manteve a liderança em relação ao tipo de dívida, com 73,7 por cento de participação em março, seguido pelo carnê (14,3 por cento), financiamento de carro (10,9 por cento), imobiliário (9,8 por cento) e crédito pessoal (8,9 por cento).
Mas o comprometimento da renda em termos de prazo seguiu caindo. O total de famílias com renda comprometida para pagar dívida por mais de 12 meses ficou em 31 por cento em março, terceira queda sequencial e 6 pontos menor do que um ano antes. Foi também o menor nível em pelo menos dois anos.
Segundo a FecomercioSP, no início do ano as famílias "fizeram um movimento na tentativa de organizar o orçamento familiar, com a ajuda do décimo terceiro salário e de outras bonificações. Depois disso, veio a sequência de duas altas consecutivas nos índices de endividamento, referentes aos meses de fevereiro e março".
"A oferta de crédito atual favorece o endividamento. Atualmente, as intuições financeiras estão cada vez menos seletas para oferecer crédito ao consumidor, isso contribui para a expansão dos gastos. De acordo com os dados do Banco Central, em um ano, a concessão cresceu 12,3 por cento", acrescentou a entidade.
A pesquisa foi divulgada no mesmo dia em que a associação de bancos, Febraban, anunciou que as instituições financeiras passarão em julho a ofertar a clientes do cheque especial uma opção de linha de crédito com juros menores.
A pesquisa de endividamento e inadimplência dos consumidores da FecomercioSP é apurada mensalmente desde fevereiro de 2004. A entidade reúne dados a partir de entrevistas com cerca de 2,2 mil consumidores na capital paulista.