Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) pode escalonar o processo de altas das taxas de juros da zona do euro elevando sua taxa de depósito, que está abaixo de zero, em direção ao território positivo, disse nesta terça-feira um de seus membros mais antigos, Ewald Nowotny.
Nowotny disse à Reuters em entrevista que o programa de compra de títulos do BCE de 2,55 trilhões de euros será encerrado até o final deste ano, o que abrirá caminho para a primeira alta da taxa de juros desde 2011.
Ele pediu que o BCE siga em frente com o processo para garantir que possa adotar uma abordagem gradual, e que e comece com a taxa de depósito, que está em território negativo desde meados de 2014.
"Eu não teria nenhum problema em passar de -0,4 por cento para -0,2 por cento como um primeiro passo e depois, como segundo passo, incluir a (principal) taxa de juros (de refinanciamento)", disse ele.
"Esta é a estrutura. O momento exato? É muito cedo para dizer", disse Nowotny.
O BCE deve apresentar em junho ou julho como pretende reduzir o programa de estímulo que vem usando para sustentar a economia da zona do euro nos últimos três anos.
O banco disse que sua taxa básica permanecerá em seu nível atual até "bem depois" do fim dessas compras de títulos. Embora as autoridades políticas não tenham fornecido orientações mais específicas, vários responsáveis pela definição dos juros já se disseram confortáveis com as previsões de mercado para um aumento da taxa em abril ou maio de 2019.
"Um dos fortes argumentos para agir talvez um pouco mais rápido (com a normalização da política monetária) é justamente ter algum espaço de manobra, caso vejamos alguma deterioração na condição econômica", disse Nowotny.
Ele também estava otimista sobre a maior volatilidade nos mercados financeiros desde fevereiro. "Eu acho que a política do banco central sempre tem que seguir uma estratégia de médio prazo", disse ele, observando o forte crescimento econômico recente da zona do euro.
As tensões da guerra comercial que vêm aumentando entre os Estados Unidos e a China podem, no entanto, impactar as taxas de câmbio. A turbulência pode levar os investidores a transferir dinheiro para ativos seguros, disse ele.
(Por Marc Jones)