BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que a inflação de preços monitorados tem sido menor do que as projeções do órgão, atribuindo parte desse resultado à resistência de governantes em subir preços em ano eleitoral.
Entre os preços monitorados, ou administrados, estão energia elétrica, gás de cozinha, taxa de água e esgoto e transporte urbano.
“Estamos olhando os números que projetamos para os preços monitorados e têm sido menores do que projetamos. Parte disso é porque os Estados estão com muito dinheiro, estamos em ano de eleição e ninguém quer subir preços monitorados em ano eleitoral”, disse em evento promovido pelo Santander (SA:SANB11).
“Alguns Estados estão com melhor condição de fluxo de caixa, podem adiar (os reajustes), temos eleição”, reforçou, em apresentação em inglês.
O presidente do BC disse que observa esse movimento e que uma reversão da tendência de baixa pode ser um problema.
Campos Neto disse que a alta acumulada em 12 meses dos preços monitorados passou de 2,6% em 2020 para 16,9% em 2021. Dentro da variação total de 16,9% no ano passado, ele ressaltou que a maior fatia é de energia elétrica. Excluindo esse fator, o índice cai para 2,2%.
No evento, ele também afirmou que a melhor maneira de o BC contribuir para crescimento e estabilidade do país é atacar inflação.
Campos Neto ressaltou que se houver desconexão no mercado financeiro, o Banco Central estará pronto para agir.
“Muitos dizem que o BC intervém pouco, mas vendemos mais dólares do que governos no passado”, afirmou.
(Por Bernardo Caram)