O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anuncia nesta quarta-feira, 20, às 15h (de Brasília), nova decisão de política monetária, acompanhada de projeções atualizadas. Analistas e investidores ponderavam se a alta poderia ser de 0,5 ou 0,75 ponto porcentual até a semana passada, quando o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de agosto dos Estados Unidos reforçou apostas de trajetória mais hawkish (tendência de alta do juro) na política monetária. Agora, uma alta de 0,75 ponto porcentual é vista como o desfecho mais provável nesta semana, mas há também analistas que não descartam uma elevação de 1 ponto porcentual.
A Oxford Economics afirma em relatório que o Fed irá repetir a dose de suas duas reuniões mais recentes e elevar os juros em 0,75 ponto. A consultoria diz estar especialmente atenta às projeções e à entrevista coletiva do presidente do BC americano, Jerome Powell, após a decisão. Para a Oxford, os EUA devem enfrentar uma "recessão leve" no primeiro semestre de 2023, mas não está claro se o Fed projetará isso agora. Após a decisão de hoje, a Oxford diz ainda que outra elevação do mesmo nível pode ocorrer em novembro.
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O Deutsche Bank coincide na aposta para hoje, embora mencione uma alta de 1 ponto porcentual como "possível". O banco alemão lembra que Powell já disse que uma alta de 0,75 ponto é substancial e "não usual" e que vários dirigentes da ala hawkish têm mencionado essa faixa. O Deutsche acredita que manter o ritmo dará ao BC margem para apertar a política "substancialmente mais no curto prazo, sem necessariamente levar o Fed a um incremento maior de patamar de que seria difícil escapar". Ele menciona ainda o desejo do banco central americano de não reagir demais a um único dado e resgata declarações de dirigentes destacando que a política monetária leva um tempo até mostrar todos os efeitos do aperto.
AS APOSTAS
No início da semana, o monitoramento do CME Group mostrava cerca de 80% de chance de uma elevação de 0,75 ponto, com 20% de possibilidade de uma elevação de 1 ponto. O Danske Bank afirma que o mercado já dá como "negócio fechado" a alta de 0,75 ponto, mas "com alguns pedindo uma elevação ainda maior". O banco cita em relatório pesquisa divulgada no fim de semana pelo Financial Times com importantes economistas acadêmicos, segundo os quais o Fed terá de elevar os juros acima de 4% e mantê-los nesse nível para além de 2023, sugerindo, portanto, um "caminho longo" no aperto para conter os preços. Grande parte dos economistas ouvidos pelo FT ainda alertava para o risco de que a inflação acima da meta do Fed fique mais arraigada à economia.
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O Citi, por sua vez, se soma ao coro de que uma terceira alta consecutiva de 0,75 ponto deve ocorrer hoje. O banco cita 1 ponto porcentual como possibilidade, mas considera isso "improvável diante das condições financeiras já apertadas e de potencial dificuldade de comunicação sobre desacelerar a partir de uma alta maior". Para o Citi, os juros devem ficar na faixa entre 4% e 4,25% ao fim do ciclo de aperto, com riscos de alta. "É muito mais fácil ver cenários nos quais os juros ficam acima de 5% do que o ciclo terminar abaixo de 4%", adverte. Em seu cenário-base, o banco acredita em altas de 0,75 ponto nesta semana, de 0,5 ponto em novembro e de 0,25 ponto em fevereiro, "embora dados de empregos ou inflação mais fortes possam resultar em uma quarta alta consecutiva de 0,75 ponto em novembro".
Segundo o ING, a alta de 0,75 ponto deve se concretizar nesta semana, já que as expectativas de inflação e os planos de preços corporativos "parecem menos ameaçadores" agora, enquanto a perspectiva para o crescimento está "mais incerta". Ao mesmo tempo, o banco holandês espera que a comunicação soe "mais hawkish", com foco na inflação que perdura, o que levará o gráfico de pontos do Fed a refletir mais de perto a precificação do mercado de que a taxa final no atual ciclo de aperto estará na faixa entre 4,25% e 4,50%.
No monitoramento do CME Group, na segunda-feira, o quadro visto como mais provável (46,6%) é de juros encerrando este ano na faixa entre 4,25% e 4,50%, seguido (36,2%) pela chance de que estarão entre 4% e 4,25%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.