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Fatores que podem levar o Fed a adotar "Plano B" para redução do balanço

Publicado 17.02.2022, 09:14
© Reuters. Sede do Federal Reserve em Washington, 16 de setembro de 2015. REUTERS/Kevin Lamarque

Por Jonnelle Marte e Howard Schneider

(Reuters) - Em meio a um mercado imobiliário forte nos Estados Unidos, taxas de juros baixas e inflação assustadoramente alta, o Federal Reserve tem continuado a aumentar sua carteira de títulos, levando a pedidos para que não apenas deixe esses papéis vencerem ao longo do tempo, mas que também planeje começar a vendê-los ativamente.

É improvável que quaisquer vendas sejam incluídas no início dos planos de "normalização" do balanço que as autoridades devem aprovar nos próximos meses, um processo que ocorrerá ao lado de aumentos nos juros com o objetivo de acalmar a inflação.

Mas se a luta contra a inflação não for bem-sucedida com rapidez suficiente, algumas autoridades do Fed querem um "Plano B" que se aventure em novo território, usando vendas de títulos lastreados em hipotecas (MBS, na sigla em inglês) para aumentar as taxas de hipotecas residenciais.

Esse é um dos principais canais que o banco central dos EUA pode usar para reduzir a inflação, porque manteria os preços das casas baixos e deixaria menos espaço nos orçamentos das famílias para outros gastos.

Autoridades do Fed discutiram a possibilidade de vendas de MBS em sua reunião de política monetária de 25 a 26 de janeiro, com "muitos participantes" dizendo que isso pode ser apropriado "em algum momento no futuro", mostrou a ata da reunião, divulgada na quarta-feira.

O estoque de MBS de 2,7 trilhões de dólares do Fed atua como uma âncora para as taxas de juros nesse mercado, impedindo que sejam ainda mais altas, e algumas autoridades argumentam que a participação do banco central nesses títulos pode precisar encolher mais rápido do que por meio do "escoamento" natural.

Esse processo, que deixa os títulos saíram do balanço à medida que vencem, é particularmente lento e imprevisível, e pode demorar num momento de alta nos juros básicos.

As compras de títulos têm sido um aspecto controverso da política monetária, em parte por causa de dúvidas persistentes sobre a estratégia de escoamento, com alguns críticos argumentando que vender títulos quando as taxas de empréstimo estão subindo pode fazer com que o banco central perca dinheiro. Os preços dos títulos caem quando as taxas de juros sobem e vice-versa.

O Fed evitou a venda de títulos quando reduziu seu balanço pela última vez, entre 2017 e 2019. Os formuladores de política monetária querem confiar principalmente na estratégia de redução natural desta vez, de acordo com princípios divulgados no mês passado.

Mas algumas autoridades do Fed e analistas dizem que essa abordagem passiva pode não ser suficiente. James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, e Esther George, presidente do Fed de Kansas City, estão entre aqueles que apontaram a inflação elevada como uma preocupação.

As vendas também podem ser necessárias para ajudar o Fed a cumprir sua meta de mudar para uma carteira composta principalmente por Treasuries no longo prazo, disse recentemente a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.

© Reuters. Sede do Federal Reserve em Washington, 16 de setembro de 2015. REUTERS/Kevin Lamarque

As autoridades do Fed estão atualmente analisando os números sobre quanto tempo pode levar para que as hipotecas saiam sozinhas do portfólio e nenhuma decisão foi tomada, disse Mester.

Mas o Fed pode querer abordar a possibilidade de venda de ativos logo no início, quando começar a fornecer orientação sobre seus planos para a redução do balanço, disse Kathy Jones, estrategista-chefe de renda fixa do Schwab Center for Financial Research.

"Eles vão querer abordar a questão de uma forma ou de outra", disse ela.

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