Por Michael Flaherty e Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve destacou nesta quarta-feira a fraqueza do mercado de trabalho e da economia dos Estados Unidos em documento divulgado horas após dados mostrarem crescimento econômico fraco, o que sugere que o banco central norte-americano pode ter que esperar até o terceiro trimestre para começar a elevar os juros.
O comunicado de política monetária atrela as decisões do Fed a novos indicadores econômicos, enquanto a busca decidir quando promoverá a primeira alta de juros desde junho de 2006.
O banco central norte-americano, no entanto, reconheceu fraqueza em alguns setores da economia, tornando mais provável que não estará pronto para elevar os juros até ao menos setembro.
"O comitê prevê que será apropriado elevar a meta para a faixa da taxa de juros quando tiver visto melhora no mercado de trabalho e estiver razoavelmente confiante de que a inflação irá voltar para sua meta de 2 por cento no médio prazo", disse o Fed em seu comunicado, após dois dias de reuniões de seu comitê de política monetária.
A orientação do Fed praticamente foi a mesma da reunião anterior. Mas diferentemente do comunicado de março, desta vez o banco central não descartou efetivamente elevar os juros na próxima reunião.
Embora isso torne um movimento em junho possível, os dados econômicos não estão colaborando.
Os contratos de juros futuros de curto prazo recuaram levemente após o comunicado do Fed, com operadores apostando que dezembro provavelmente marcará o início do ciclo de aperto monetário, de acordo com o CME FedWatch, que acompanha as expectativas sobre as taxas de juros usando contratos futuros da taxa de juros do Fed.
"Todos sabemos que o Fed adoraria começar a normalizar os juros, mas o fato é que os dados não permitem essa ação por ora", disse o analista-chefe de mercados da Phoenix Financial Service, Wayne Kaufman.
A economia cresceu a uma taxa anual anêmica de 0,2 por cento no primeiro trimestre, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira, bem abaixo das expectativas de economistas de alta de 1 por cento e da expansão de 2,2 por cento do quarto trimestre.
O Fed reconheceu que o crescimento econômico "tinha desacelerado durante os meses do inverno (no hemisfério norte), refletindo em parte fatores transitórios". Em março, o Fed descreveu o crescimento como tendo desacelerado um pouco.
Economistas veem setembro como o momento mais provável para uma alta dos juros, enquanto os investidores veem um horizonte ainda mais tarde, com os contratos futuros indicando dezembro.
O banco central terá ao menos dois meses de dados econômicos para considerar até a sua próxima reunião em junho, quando também divulgará novas projeções econômicas.
Na reunião encerrada nesta quarta-feira não houve dissidentes.
(Reportagem de Michael Flaherty)