Fed mantém juros inalterados apesar da pressão de Trump, com dois diretores divergindo

Publicado 30.07.2025, 15:10
Atualizado 30.07.2025, 17:45
© Reuters. Sede do Federal Reserve, em Washingtonn14/07/2025nREUTERS/Jonathan Ernst

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve manteve sua taxa básica de juros inalterada nesta quarta-feira, em uma decisão que deu pouca indicação de quando os custos dos empréstimos podem ser reduzidos e atraiu a divergência de dois dos diretores do banco central dos Estados Unidos, ambos nomeados pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que concordam com ele que a política monetária está muito rígida.

"A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação permanece um pouco elevada", disse o banco central em um comunicado de política monetária divulgado depois que o Comitê Federal de Mercado Aberto votou por 9 a 2 para manter sua taxa básica de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% pela quinta reunião consecutiva.

O comunicado destacou que o crescimento econômico "moderou-se no primeiro semestre do ano", possivelmente reforçando o argumento para reduzir os juros em uma reunião futura, caso essa tendência continue. Mas também afirmou que "a incerteza sobre as perspectivas econômicas continua elevada", com riscos para as metas de inflação e de emprego do Fed, linguagem que ancorou a relutância do banco central em reduzir os custos de empréstimos até que a trajetória da inflação e do emprego fique mais clara.

O chair do Fed, Jerome Powell, teve o cuidado de manter suas opções abertas em relação à política monetária, dizendo em uma coletiva de imprensa após o final da reunião que "não tomamos nenhuma decisão sobre setembro" e há tempo para analisar uma ampla gama de dados antes da próxima reunião do banco central em meados de setembro.

Powell destacou que a política monetária atual está adequadamente definida em níveis "modestamente restritivos", já que alguns riscos para as perspectivas aumentaram.

A reunião desta semana marca a primeira vez, em mais de 30 anos, que dois membros da diretoria do Fed, sediada em Washington e composta por sete pessoas, votaram contra uma decisão sobre a taxa de juros do banco central orientado pelo consenso, e isso provavelmente alimentará o debate sobre como a pressão pública de Trump para reduzir os custos de empréstimos está sendo exercida em uma instituição projetada para definir a política monetária independente das demandas das autoridades eleitas.

Tanto a vice-chair de Supervisão, Michelle Bowman, quanto o diretor Christopher Waller, que foi mencionado como um possível indicado para substituir o chair do Fed, Jerome Powell, quando seu mandato expirar em maio, foram nomeados para a diretoria por Trump e "preferiram reduzir a faixa da meta para a taxa básica em um quarto de ponto percentual nesta reunião", disse o comunicado de política monetária do Fed.

Powell, que foi nomeado para a diretoria do Fed pelo ex-presidente Barack Obama e posteriormente promovido ao cargo mais alto por Trump, votou para manter os juros estáveis, assim como três outros diretores e os cinco presidentes de bancos regionais do Fed que atualmente têm direito a voto no Fomc. Os presidentes dos bancos regionais do Fed são contratados pelas diretorias locais que supervisionam as 12 instituições regionais do Fed.

A diretora Adriana Kugler estava ausente e não votou.

Os membros dissidentes do Fomc geralmente divulgam declarações explicando seu voto na sexta-feira após as reuniões do Fed.

Os dados desde a reunião de 17 e 18 de junho do Fed deram aos formuladores de política monetária poucos motivos para mudar a abordagem de "esperar para ver" que adotaram em relação aos juros desde que a posse de Trump, em 20 de janeiro, levantou a possibilidade de que novas tarifas de importação e outras mudanças de política pudessem impulsionar os preços. A taxa de desemprego ainda está baixa, em 4,1%, e dados recentes sobre a inflação mostraram aumentos mais rápidos para alguns produtos altamente importados -- um desdobramento que formuladores de política monetária observarão nas próximas semanas.

Nesta quarta-feira, o Departamento de Comércio informou que o crescimento dos EUA se recuperou mais do que o esperado no segundo trimestre, mas o declínio das importações foi responsável pela maior parte da melhora e a demanda interna aumentou em seu ritmo mais lento em dois anos e meio.

Trump tem repreendido Powell, em específico, por não ter cortado os juros para tentar reduzir os custos de empréstimos do governo, uma preocupação que está fora dos objetivos do Fed, determinados pelo Congresso, de manter a inflação estável e o nível pleno de emprego.

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