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Nas últimas semanas, surgiram rumores sobre a possibilidade de o Brasil ser retirado do sistema SWIFT, a rede global que conecta mais de 11 mil instituições financeiras no mundo. O motivo? A escalada de tensões diplomáticas com os Estados Unidos após sanções aplicadas a autoridades brasileiras, como no caso recente da Lei Magnitsky envolvendo o ministro Alexandre de Moraes.
Mas antes que o alarde tome conta do mercado, é preciso separar o sensacionalismo da realidade.
SWIFT não é dos EUA, e o Brasil não está prestes a sair
O sistema SWIFT é sediado na Bélgica e regulado pela União Europeia. Ou seja, os Estados Unidos não têm poder unilateral para remover o Brasil dessa rede, como já afirmaram diversos especialistas.
Países que foram banidos do SWIFT, como Irã e Rússia, estavam envolvidos em conflitos armados ou ameaças nucleares, com sanções globais articuladas entre EUA, UE e ONU. O Brasil está longe desse cenário.
Mas o problema é real… e silencioso
Se a saída do SWIFT é improvável, o isolamento financeiro gradual já começou.
Os EUA aplicaram sanções diretas a autoridades brasileiras. Isso gera um efeito colateral perigoso: o medo das sanções secundárias. Bancos brasileiros, por precaução, estão evitando transações com pessoas ou entidades ligadas ao governo federal, ao judiciário e a instituições investigadas.
Na prática, isso significa:
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Restrições informais em transferências internacionais;
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Cautela no uso de dólar em operações com risco jurídico;
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Revisões internas de compliance para evitar exposição.
O risco não é técnico, é reputacional e operacional.
Precedentes internacionais: o que aconteceu com Rússia e Irã
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Rússia (2022): após a invasão da Ucrânia, a União Europeia (e não os EUA) determinou a remoção parcial de bancos russos do SWIFT.
Resultado: isolamento bancário imediato, fuga de capitais, colapso da confiança internacional.
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Irã (2012 e 2018): foi excluído duas vezes do SWIFT por decisões da UE com apoio dos EUA, devido ao programa nuclear.
Resultado: o país enfrentou escassez de produtos importados e grandes perdas cambiais.
O que é comum nesses casos:
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Motivações graves (guerra, ameaça nuclear).
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Ações coordenadas internacionalmente, com forte apoio europeu.
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Envolvem ameaças à segurança global, o que não se aplica ao Brasil.
O que os bancos brasileiros já estão fazendo
De acordo com reportagens recentes (julho/2025), bancos brasileiros estão revisando suas políticas internas, especialmente os grandes (como Itaú (BVMF:ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4) e BTG (BVMF:BPAC11)), por medo de violar sanções americanas relacionadas ao caso Moraes/Magnitsky.
Um executivo de um banco brasileiro disse à Reuters:
"Estamos sendo mais cautelosos com transações de clientes ligados ao governo federal e ao judiciário."
Isso mostra que o medo de retaliações já está mudando o comportamento das instituições financeiras brasileiras, mesmo sem uma medida oficial dos EUA.
Como isso pode afetar empresas e investidores?
Mesmo sem sanções amplas ao país, esse clima de incerteza pode:
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Reduzir a confiança de investidores estrangeiros no ambiente regulatório brasileiro;
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Dificultar operações de crédito e investimentos em dólar;
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Prejudicar empresas que dependem de fornecedores ou clientes internacionais.
Ou seja, estamos diante de um isolamento financeiro silencioso, sem um anúncio oficial, mas com efeitos práticos concretos.
O Brasil não está sendo expulso do SWIFT. Mas a simples ameaça de sanções secundárias dos EUA já está moldando o comportamento dos nossos bancos, o que afeta o acesso a capitais, a previsibilidade institucional e a imagem do país no cenário internacional.
Neste momento, o que o mercado mais precisa é de segurança jurídica, estabilidade diplomática e diálogo institucional.
O custo do silêncio pode ser alto demais.