Por Howard Schneider e Lindsay Dunsmuir
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve manteve os juros nesta quarta-feira e indicou que o crescimento moderado nos Estados Unidos e "fortes ganhos no emprego" permitirão que volte a apertar a política monetária neste ano, com novas projeções mostrando que membros do banco central norte-americano esperam duas altas de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, metade da previsão de dezembro.
No entanto, o Fed destacou que os EUA continuam enfrentando riscos provenientes da economia global incerta.
"Uma série de indicadores econômicos recentes, incluindo fortes ganhos de emprego, indicam fortalecimento adicional do mercado de trabalho. A inflação acelerou nos últimos meses", disse o Fed no comunicado em que anunciou a manutenção da taxas na faixa entre 0,25 por cento e 0,50 por cento.
"Contudo, desdobramentos econômicos e financeiros globais continuam representando riscos" e vão manter a inflação baixa pelo restante de 2016, completou.
Em entrevista à imprensa, a chair do Fed, Janet Yellen, disse que ainda é preciso avaliar se a recente melhora no núcleo da inflação, que exclui os componentes voláteis de energia e alimentos, será sustentável.
As autoridades do Fed projetaram crescimento econômico mais fraco e inflação mais baixa neste ano e reduziram sua estimativa sobre a taxa de juros no longo prazo para 3,30 por cento, de 3,50 por cento -- um sinal de que a recuperação econômica continuará fraca.
O cenário para a taxa de juros representa uma mudança em relação às quatro altas esperadas quando o Fed elevou os juros em dezembro pela primeira vez em quase uma década. A maioria das autoridades disse agora esperar que será apropriado elevar os juros em 0,5 ponto percentual até o final deste ano.
ABORDAGEM CAUTELOSA
O novo cenário surge em um momento em que o Fed tenta manobrar em meio à volatilidade recente no mercado global e manter intactos seus planos de elevar os juros.
O Fed adotou uma postura cautelosa na reunião de janeiro diante das perdas nos mercados financeiros, de preços mais fracos do petróleo e da queda das expectativas de inflação. Como em seu comunicado de janeiro, o Fed não descreveu com precisão como vê o balanço de riscos envolvendo a economia dos EUA.
Os membros do Fed também veem contínua melhora do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo para 4,7 por cento até o fim do ano e recuando mais em 2017 e 2018.
Eles reduziram sua estimativa para a inflação este ano para 1,2 por cento de 1,6 por cento, mas veem recuperação para perto da meta de médio prazo de 2 por cento no ano que vem.
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, foi a única dissidente nesta quarta-feira.