Por David Lawder e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - Apenas dois dias antes de o Federal Reserve provavelmente elevar os juros pela quarta vez neste ano, o presidente Donald Trump e seu principal assessor comercial nesta segunda-feira elevaram suas críticas sobre o aperto monetário do banco central.
"É incrível que, com um dólar bem forte e praticamente nenhuma inflação, o mundo exterior explodindo ao nosso redor, Paris em chamas e com a China em desaceleração, o Fed ainda esteja considerando outro aumento de juros. Que vitória!", escreveu Trump no Twitter (NYSE:TWTR) de manhã cedo.
Algumas horas depois, o assessor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, ampliou o tema, chamando o Fed de "louco" por ter sinalizado, como fez em setembro, que iria continuar aumentando os juros no próximo ano.
"A razão pela qual o Fed não deveria aumentar os juros na quarta-feira não é porque a economia está desacelerando, mas porque a economia está crescendo sem inflação", disse Navarro à CNBC.
"Eu acho que o que o Fed deveria fazer é simplesmente fazer o que ele diz que vai fazer, que é olhar para os dados.... em vez de apenas dizer que vai aumentar os juros três vezes no próximo ano -isso foi louco. Olhe os dados."
Investidores fizeram apostas pesadas de que o banco central dos EUA vai aumentar a taxa de juros ao fim de seus dois dias de encontro de política monetária nesta quarta-feira, conforme entrega sua promessa de aumentar os juros gradualmente em direção a um nível neutro para evitar que a economia superaqueça.
Muitos economistas também esperam que o Fed aumente os juros no ano que vem, embora a um ritmo mais lento diante da possível recessão econômica.
Trump tem frequentemente criticado o banco central e seu chairman, Jerome Powell, por elevação das taxas de juros neste ano, especialmente depois do aumento da volatilidade e de os rendimentos dos Treasuries começarem a sinalizar uma possível recessão à frente.
Em uma entrevista à Reuters na semana passada, Trump disse que precisava da flexibilidade de juros mais baixos para apoiar a economia dos EUA de forma mais ampla, enquanto ele luta em uma crescente disputa comercial contra a China e, potencialmente, outros países.
Com a inflação na meta de 2 por cento do Fed e poucos membros votantes de política monetária preocupados com superação deste limite, Navarro sugeriu que o banco central está aumentando os juros pelo motivo errado.
"Nós temos inflação zero para as questões práticas, então na quarta-feira o único argumento que posso ouvir do Fed para aumentar os juros agora é que de alguma forma eles tenham que demonstrar sua independência da Casa Branca", disse Navarro.
(Reportagem de Lisa Lambert e Susan Heavey)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7757))
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(Por Iuri Dantas)