Por Howard Schneider e Lindsay Dunsmuir
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve cortou a taxa de juros pela terceira vez no ano nesta quarta-feira, em uma medida que tem como objetivo garantir que a economia dos Estados Unidos supere uma guerra comercial global sem cair em recessão, mas sinalizou que deixará agora os custos dos empréstimos onde estão, a menos que as coisas deem uma piorada material.
"Acreditamos que a política monetária está em uma boa posição", disse o chairman do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa depois que o banco central dos EUA anunciou sua decisão de cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75%.
"Vemos que a atual postura de política monetária provavelmente permanecerá apropriada enquanto as informações recebidas sobre a economia permanecerem amplamente consistentes com nossas perspectivas", afirmou.
Com os efeitos estimulantes dos cortes de juros do Fed ainda em andamento na economia, apenas "uma reavaliação material de nossas perspectivas" poderia levar o banco central a reduzir ainda mais os juros dos atuais níveis, disse Powell. Atualmente, o Fed espera um crescimento econômico moderado, um mercado de trabalho forte e um retorno da inflação à sua meta anual de 2%.
No comunicado que acompanha sua decisão de reduzir os juros, o Fed retirou uma referência anterior de que "atuará conforme o apropriado" para sustentar a expansão econômica -- linguagem que foi considerada um sinal para futuros cortes de juros.
Em vez disso, o Fed disse que "vai monitorar as implicações das próximas informações para as perspectivas econômicas ao passo que avalia a trajetória apropriada" de sua meta para taxa de juros, uma frase menos incisiva.
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, e o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, discordaram da decisão. Eles se opuseram a todos os três cortes de juros do Fed este ano afirmando serem desnecessários.
A descrição do Fed da economia dos EUA nesta quarta-feira permaneceu praticamente inalterada, com o mercado de trabalho considerado "forte" e a atividade econômica "subindo a uma taxa moderada".
Como em seu comunicado de política monetária anterior, o Fed disse que tomou medidas para reduzir os custos dos empréstimos "diante das implicações dos acontecimentos globais para as perspectivas econômicas, bem como das fracas pressões inflacionárias".
O Fed disse que os investimentos empresariais e as exportações permanecem "fracos".
O Fed e a economia dos EUA estão em uma encruzilhada inusitada.
O desemprego está próximo da mínima de 50 anos, a inflação está moderada e os dados mais recentes mostram que o Produto Interno Bruto cresceu a uma taxa anualizada de 1,9% no terceiro trimestre, uma desaceleração em relação ao primeiro semestre do ano mas não tão forte quanto muitos economistas esperavam e algumas autoridades do Fed temiam.
Mas partes da economia, particularmente a indústria, sofreram nos últimos meses conforme a economia global desacelera. As empresas reduziram os investimentos em resposta à guerra comercial entre EUA e China em que ambos elevaram tarifas, e também tornaram o mundo um lugar mais arriscado para fechar compromissos de longo prazo.
Embora isso ainda não tenha tido um impacto óbvio nas contratações ou nos gastos dos consumidores dos EUA, autoridades do Fed sentiram que uma rodada de cortes de juros "de segurança" era apropriada para proteger contra um resultado pior.
A abordagem teve sucesso na década de 1990, quando os riscos evoluíram para outro período prolongado de crescimento econômico.