Por Howard Schneider e Jonnelle Marte e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) melhorou nesta quarta-feira sua visão sobre a recuperação da economia norte-americana e o progresso do país na guerra contra o coronavírus, mas ponderou que ainda é muito cedo para se considerar redução dos níveis de apoio à economia, enquanto muitas pessoas ainda estão desempregadas.
"Ainda não é hora" para começar a discutir qualquer mudança na política monetária, disse o chair do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa após divulgação de nova decisão unânime de política monetária --o Fed manteve os juros perto de zero e o volume mensal de 120 bilhões de dólares em compras de títulos do governo.
"Temos 8,5 milhões de empregos a menos do que em fevereiro de 2020", disse Powell. "Estamos muito longe de nossos objetivos... Vai levar algum tempo."
Embora a inflação deva subir, Powell disse que os próximos aumentos de preços serão quase certamente de natureza passageira e não representarão o tipo de problema persistente que forçaria o Fed a começar a aumentar as taxas de juros mais cedo do que o esperado.
Da forma como está, o banco central quer manter estimulativa a política monetária no futuro previsível, apesar de ver a recuperação ganhando ritmo e os riscos da pandemia começando a diminuir.
"Em meio ao progresso nas vacinações e ao forte apoio às políticas, os indicadores de atividade econômica e emprego se fortaleceram", afirmou o Fed no comunicado, com melhora de avaliação até mesmo acerca dos setores mais afetados pelo início da pandemia no ano passado.
Ao repetir que "a trajetória da economia dependerá significativamente do curso do vírus", o Fed pareceu melhorar sua visão sobre em que ponto se encontra a crise da saúde.
Em março, o Fed havia dito que o coronavírus representava "riscos consideráveis para as perspectivas econômicas", mas no texto do comunicado divulgado nesta quarta o BC disse apenas que "os riscos para as perspectivas econômicas permanecem" por causa da crise de saúde em curso.
Juntamente com a linguagem forte sobre a economia, analistas disseram que a retórica sugere pelo menos um pequeno passo do Fed em direção ao início de uma discussão sobre quando diminuir os estímulos à economia dos EUA.
"É muito sobre caminhar na ponta dos pés na direção de um cenário econômico mais forte que poderia justificar a redução gradual e eventuais aumentos das taxas", disse Steven Violin, gestor de portfólio da F.L. Putnam Investment Management Company, em Wellesley, Massachusetts.
No entanto, apesar da evidência de melhora, o Fed deixou inalterada nesta quarta-feira a lista de condições, estabelecida pela primeira vez em dezembro, que devem ser cumpridas antes de considerar a retirada do apoio de emergência posto em prática para conter as consequências econômicas da pandemia em 2020.
Isso inclui "progresso substancial adicional" em direção a suas metas de inflação e emprego antes de cortar suas compras mensais de títulos.