Por Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - A inflação diminuiu mais do que o esperado em duas das maiores economias da zona do euro e o mercado de trabalho alemão continuou a esfriar neste mês, aumentando os argumentos já substanciais para que o Banco Central Europeu reduza ainda mais os custos dos empréstimos no próximo mês.
A economia da zona do euro vem contornando a recessão durante a maior parte do ano e as pressões sobre os preços diminuíram mais do que o esperado nos últimos meses, alimentando argumentos de que o BCE ficou para trás no apoio a uma economia em dificuldades.
O BCE tem se recusado a atender os pedidos por uma flexibilização mais rápida da política monetária com base na premissa de que o crescimento dos salários e a inflação de serviços continuam desconfortavelmente altos. Porém, as leituras de inflação da França e da Espanha na sexta-feira, mais baixas do que o previsto, desafiaram essa narrativa.
A inflação francesa desacelerou de 2,2% para 1,5% em setembro, ficando abaixo das expectativas de 2,0%, enquanto a inflação espanhola diminuiu de 2,4% para 1,7%, ficando abaixo das expectativas de 1,9%, já que o crescimento dos preços de serviços diminuiu e os preços de energia caíram.
Dados separados sobre as expectativas de preços também desafiaram a hesitação do BCE, pois mostraram que os consumidores reduziram suas expectativas de crescimento de preços para os próximos 12 meses para o nível mais baixo desde setembro de 2021.
Somando-se aos dados recentes que pintam um quadro sombrio sobre o crescimento, um importante indicador de sentimento da zona do euro caiu mais do que o esperado nesta sexta-feira, mostrando também um arrefecimento das expectativas de preços.
Esses números sugerem que a inflação da zona do euro pode cair bem abaixo da meta de 2% do BCE neste mês e alimentaram as apostas de que o BCE acelerará a flexibilização monetária.
De fato, os investidores aumentaram suas apostas na sexta-feira em outro corte nas taxas em 17 de outubro e agora precificaram cerca de 75% de chance de uma mudança, em comparação com apenas 25% de chance observada na semana passada.
O BCE reduziu os juros em junho e setembro, e os formuladores de política monetária consideravam bastante improvável um corte nas taxas em 17 de outubro até a recente série de dados, já que as projeções do BCE mostram a inflação de volta à meta de 2% em uma base duradoura apenas no final do próximo ano.