Washington, 8 out (EFE).- A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta terça-feira que a guerra comercial entre Estados Unidos e China "está cobrando seu preço" na atividade econômica mundial, em geral, e no setor manufatureiro, em particular.
"Conversamos no passado sobre os perigos das disputas comerciais. Agora, vemos na realidade que está cobrando seu preço", afirmou Kristalina, durante seu primeiro discurso à frente do FMI.
De fato, a economista búlgara, que sucede no cargo Christine Lagarde, que será a nova presidente do Banco Central Europeu, disse que o crescimento do comércio mundial "parou quase por completo".
"Em parte devido a tensões comerciais, a atividade manufatureira e os investimentos globais enfraqueceram-se substancialmente. Existe um sério risco de que serviços e consumo possam em breve ser afetados", alertou.
A diretora do FMI argumentou que as disputas comerciais "agora se estendem por vários países e em outras questões críticas".
"Por conta das nossas economias interconectadas, muitos mais países sentirão em breve o impacto", disse.
Além disso, Kristalina Georgieva explicou que as divisões atuais em nível comercial "poderiam levar a mudanças que duram uma geração", causando quebras nas cadeias de abastecimento ou setores comerciais isolados.
"Todo mundo perde em uma guerra comercial", lembrou a economista, explicando que o efeito acumulativo dos conflitos comerciais atuais poderia significar uma perda de aproximadamente US$ 700 bilhões para 2020, ou cerca de 0,8% do PIB mundial, um tamanho comparável à economia da Suíça.
Em seu discurso, Kristalina Georgieva também defendeu um sistema de comércio global "mais moderno" para liberar o potencial "de serviços e comércio eletrônico".
Além da questão das tensões comerciais, a chefe do FMI também apontou o Brexit e questões geopolíticas como fatores da desaceleração da economia global.
"Em 2019, esperamos um crescimento mais lento em quase 90% do mundo. A economia global está agora em desaceleração sincronizada", advertiu.