Davos (Suíça), 25 jan (EFE).- A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, moderou nesta sexta-feira uma mesa-redonda no Fórum Econômico de Davos cujos integrantes concordaram em apontar o envelhecimento da população e a mudança climática como os maiores perigos para o crescimento global.
Junto a Lagarde, discursaram a professora da Universidade de Londres Mariana Mazzucato; o governador do Banco Central do Japão, Haruhiko Kuroda; a conselheira delegada do Banco Mundial, Kristalina Georgieva, e o governador da Reserva Federal da África do Sul, Lesetja Kganyago.
Lagarde se negou desde o princípio a "dar manchetes", porque nesta ocasião o objetivo não era de oferecer perspectivas de crescimento, mas de delimitar os riscos concretos.
Além disso, a diretora detectou dois pontos, a mudança climática e o envelhecimento da população, como principais ameaças para a economia: o primeiro "é um assunto tão sério que embora não pareça, compete também aos Bancos Centrais, e certamente ao setor financeiro".
Desde o Banco Mundial, Georgieva calculou que se a temperatura global seguir subindo ao ritmo de agora, pode representar cortes de entre 15% e 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Na sua opinião, a luta contra a mudança climática implica na destruição de milhares de empregos em setores condenados a desaparecer, mas também na criação de novos setores.
Neste sentido, Kuroda se referiu ao envelhecimento da população no mundo todo, na Ásia e, em particular, no Japão, um fenômeno que previsivelmente trará menos ingressos fiscais e maiores despesas sociais.
Além disso, as novas tecnologias introduziram os robôs na rede de trabalho, o que enfrenta a oposição frontal dos sindicatos.
Kuroda reconheceu que este processo de envelhecimento da população e as conseguintes mudanças demográficas "poderiam dificultar o trabalho do Banco Central, ao reduzir a taxa de crescimento a longo prazo", com taxas de juros baixas e menor demanda de crédito.
A partir daí, as entidades financeiras poderiam assumir maiores riscos na busca de maiores rendimentos e desestabilizar assim o sistema.
Desde um ponto de partida oposto, o governador do Banco Central da África do Sul relatou que a África é um continente de "gente jovem, mas sem trabalho", e que lá as prioridades são outras; em primeiro lugar, apostar na formação e na educação.
E em relação com a mudança climática, lembrou que a África é fornecedor de matérias-primas, um setor que é altamente contaminante, mas que tem potencial de se modernizar para uma indústria mais "verde".
Para isso, acrescentou, é preciso investir em formação e novas tecnologias, para que não desapareçam postos de trabalho, mas surjam outros novos.
Os sindicatos, relatou, proclamam que querem proteger o emprego, mas o que é preciso proteger são as pessoas, e para executar esta "transição", é necessário criar políticas adequadas e incentivar a inovação.
A África do Sul vai aumentar a produção de energias renováveis ao mesmo tempo que serão reduzidos setores como o do carvão, justamente o ponto em que o governo se choca com as organizações empresariais, que terão que deixar de defender um "status quo" que vai desaparecer.