Santiago do Chile, 28 ago (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixará em outubro sua previsão de crescimento da América Latina para este ano, situada originalmente em 2%, devido a um desempenho mais frágil da maioria das economias da região.
"O últimos dados nos mostraram uma maior fraqueza que a esperada na grande maioria dos países da região", afirmou nesta quinta-feira em um seminário em Santiago o diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner.
"Estamos tendo este ponto de inflexão no ciclo econômico da América Latina, onde aquelas economias que deveriam estar se comportando melhor, ainda não o fazem, e as que deveriam desacelerar, desaceleraram de maneira muito profunda", disse.
"Por isso estamos esperando um crescimento econômico para este ano menor a 2%, e uma recuperação apenas no ano que vem", acrescentou.
Werner detalhou que as revisões em baixa se centrariam em países como Brasil, Chile, Peru, Argentina e Venezuela, enquanto Colômbia e México manteriam suas atuais previsões.
O diretor do FMI explicou que a desaceleração da região se deve, em parte, a uma redução nas taxa de crescimento das exportações, inicialmente as de matérias-primas, a qual se somaram ainda fatores locais em cada um dos países.
Werner precisou que, embora os valores dos produtos básicos de exportação da região sigam sendo elevados de uma perspectiva histórica, se produziu o fim de seu crescimento sustentado, que se manteve durante uma década pela forte expansão da China.
O diretor do FMI também ressaltou que várias economias da região já alcançaram seus níveis potenciais de crescimento, com base em sua capacidade de produtividade, o que tornou-se evidente em alguns sinais de superaquecimento, por meio do déficit em conta corrente e algumas pressões inflacionárias.
"Estes são os fatores domésticos que afetam de maneira diferenciada a cada um dos países e explicam esta desaceleração um pouco sincronizada", comentou.
"Com uma perspectiva de médio prazo, nós vemos que o crescimento na América Latina para os próximos anos, com um marco de políticas estáveis, vai ser mais baixo que o que vimos na última década", sustentou.
"Para os próximos cinco anos, o crescimento dificilmente será próximo aos 4% que registramos (na última década), será mais próximo a uma média de 3%", projetou.
Por estas razões, o diretor do FMI assinalou que "em toda a região, para melhorar a capacidade produtiva de médio prazo, é preciso fazer reformas estruturais".
"Atualmente há mais uma falta de capacidade das economias de seguir crescendo à mesma velocidade. Para recuperar essa capacidade de crescer de maneira mais elevada em todo América Latina será preciso trabalhar em medidas que ajudem a que a capacidade produtiva das economias seja maior", assegurou.