BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) fechou 2014 com déficit primário de 17,243 bilhões de reais, o primeiro resultado negativo da história, impactado pela expansão maior dos gastos em um cenário de fraca atividade econômica.
Em 2013, a economia feita para pagamento de juros da dívida havia ficado positiva em 76,994 bilhões de reais.
Segundo informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira, a receita líquida atingiu 1,014 trilhão de reais, alta de 2,3 por cento frente ao ano anterior, mas a despesa total cresceu muito mais no período, 12,8 por cento, a 1,031 trilhão de reais.
Só os gastos com benefícios trabalhistas (seguro-desemprego e abono salarial) somaram 54,381 bilhões de reais, 21,7 por cento maiores frente a 2013. Os investimentos públicos somaram 77,535 bilhões de reais no ano passado, 22,6 por cento maiores na comparação anual, incluindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para tentar mudar esse cenário e resgatar a confiança dos agentes econômicos, a nova equipe econômica --encabeçada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e pelo presidente do BC, Alexandre Tombini-- já anunciou diversas medidas para reduzir gastos e elevar as receitas. Juntas, essas ações somam pelo menos 70 bilhões de reais.
No ano passado, diante da fraca atividade econômica, a arrecadação de tributos federais registrou retração real de 1,8 por cento, a primeira vez desde 2009.
Em 2014, o Tesouro Nacional teve superávit primário de 39,570 bilhões de reais, queda de quase 70 por cento sobre 2013, enquanto a Previdência Social apresentou déficit de 56,698 bilhões de reais. No período, o BC mostrou resultado fiscal negativo de 114,8 milhões de reais.
Só em dezembro, o governo central mostrou superávit primário de 1,039 bilhão de reais, o mais baixo desde 2008, quando houve déficit de 19,994 bilhões de reais.
(Por Luciana Otoni)