Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O governo central registrou um déficit primário de 6,304 bilhões de reais em março, divulgou o Tesouro nesta quinta-feira, dado melhor do que as expectativas de mercado.
Pesquisa Reuters com analistas projetava um rombo fiscal de 13,6 bilhões de reais. Ainda assim, o número ficou abaixo do registrado no mesmo mês de 2021, quando houve superávit de 2,0 bilhões de reais.
Os números reúnem as contas de Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social.
Com dados acima do previsto na arrecadação, o Tesouro já enxerga um resultado melhor para as contas públicas neste ano. A estimativa oficial mais recente, divulgada em março, apontava para um déficit primário de 66,9 bilhões de reais no encerramento de 2022.
"Os resultados apurados no primeiro trimestre do ano sugerem que o balanço primário do governo central poderá ser superior ao projetado no relatório de avaliação de receitas e despesas primárias do 1º bimestre", disse o órgão em nota, sem apresentar uma nova estimativa.
De acordo com o Tesouro, as receitas estão subindo em maior intensidade do que o projetado. Por outro lado, a expectativa é que as despesas fiquem próximas aos valores já estimados por conta da limitação do teto de gastos.
Em 12 meses, as contas federais acumulam um déficit primário de 15,5 bilhões de reais pela série corrigida pela inflação, equivalente a 0,17% do Produto Interno Bruto (PIB).
A meta fiscal de 2022 é de déficit de 170,5 bilhões de reais, mas o Orçamento deste ano foi aprovado com a previsão de um rombo menor, de 76,2 bilhões de reais.
Mesmo com o cenário mais favorável, o secretário do Tesouro, Paulo Valle, recomendou cautela na condução das contas do governo, ressaltando que há dificuldade para cumprir o teto de gastos e conceder reajustes salariais de servidores e atender a outras demandas de ministérios que estão desfalcados.
DADO DE MARÇO
O resultado de março foi composto por um superávit de 13,9 bilhões de reais do Tesouro Nacional, além de rombos de 20,2 bilhões de reais nas contas da Previdência e de 54 milhões de reais no Banco Central.
No mês, a receita líquida do governo teve alta real de 6,7%, na comparação com março de 2021, a 140,4 bilhões de reais.
O número reflete uma alta real na arrecadação, de 6,9%, divulgada nesta quinta-feira pela Receita Federal, sob impacto de ganhos com royalties de petróleo e ajustes feitos por empresas referentes ao exercício de 2021.
A despesa total no mês, por sua vez, cresceu 13,5% acima da inflação, para 146,7 bilhões de reais.
Houve aumento de 262,1% nos gastos com abono salarial e seguro desemprego, na comparação com março de 2021, atingindo 16,0 bilhões de reais. O salto foi motivado por uma mudança no calendário de pagamento do abono, que foi antecipado para o primeiro trimestre.
Subsídios e subvenções aumentaram 141,2%, a 148 milhões. Também houve crescimento na despesa com o Fundeb (fundo para educação), salto de 48,6%, indo a 1,8 bilhão de reais.
Houve ainda um aumento nos gastos com programas sociais. A despesa com o Auxílio Brasil ficou em 7,4 bilhões de reais no mês, contra 3,0 bilhões de reais do Bolsa Família em março de 2021.
Por outro lado, o gasto do governo com pessoal e encargos sociais caiu 8,1%, para 25,2 bilhões de reais.
No acumulado dos três primeiros meses do ano, há um superávit nas contas públicas de 49,627 bilhões de reais, contra saldo positivo de 24,205 bilhões de reais em igual período de 2021.