BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 10,423 bilhões de reais no mês passado, pior resultado para agosto da série histórica e afetado pela queda nas receitas e por maiores despesas no período.
No acumulado do ano, a economia feita para o pagamento de juros ficou positiva em apenas 4,675 bilhões de reais, longe da meta parcial até o segundo quadrimestre de 2014, de 39 bilhões de reais.
Em agosto, as receitas líquidas do governo ficaram em 82,465 bilhões de reais, 6,4 por cento abaixo na comparação com julho, mesmo reforçadas por 5,399 bilhões de reais em dividendos pagos sobretudo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal e pelo recebimento de 7,13 bilhões de reais do parcelamento de débitos tributários (Refis).
No acumulado do ano, as receitas líquidas somam 661,754 bilhões de reais até agosto, com alta de 6,4 por cento sobre igual período de 2013, em meio à economia fraca.
O Tesouro informou ainda que as despesas atingiram 92,888 bilhões de reais em agosto, com alta de 2,9 por cento frente ao mês anterior. De janeiro a agosto, elas somaram 657,079 bilhões de reais, 12,6 por cento acima de igual período de 2013.
Com a arrecadação de tributos estagnada e gastos públicos elevados, é praticamente dado certo que a meta de superávit primário do setor público consolidado, de 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), não será cumprida.
Na semana anterior, o Ministério da Fazenda divulgou usará 3,5 bilhões de reais do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para cumprir a meta fiscal e reduzir as transferências para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), numa medida que poderá resultar no encarecimento da tarifa de energia elétrica ao consumidor final.
(Reportagem de Luciana Otoni)