BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 15,494 bilhões de reais em maio, pior resultado para o mês na série iniciada em 1997, diante da profunda queda nas receitas com a economia em retração. O dado, contudo, veio um pouco melhor que a expectativa de analistas de resultado negativo em 17 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters. Segundo o Tesouro Nacional informou nesta terça-feira, a receita líquida total caiu 9,9 por cento em maio na comparação com o mesmo mês de 2015, em termos reais, a 76,278 bilhões de reais.
Além da diminuição da arrecadação com impostos, as receitas não administradas pela Receita Federal sofreram recuo de 28,4 por cento no período, a pouco menos de 9,5 bilhões de reais, afetadas principalmente pelo efeito calendário na linhas de concessões, já que em maio de 2015 houve o recebimento de outorga referente aos setores de telecomunicações e aeroportuário.
As receitas também foram afetadas, segundo o Tesouro, pela queda real de 74 por cento com dividendos e participações, com apenas 195,2 milhões de reais no mês passado.Da outra ponta, as despesas totais tiveram queda menor, de 1,8 por cento já descontada a inflação, a 91,772 bilhões de reais em maio.
O governo seguiu lidando com aumento nos pagamentos de benefícios previdenciários (+6,9 por cento) no período, o que acabou ofuscando o recuo real nas despesas com pessoal e encargos (-4,4 por cento), em outras despesas obrigatórias (-6,4 por cento) e em despesas discricionárias (-11,7 por cento). No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o déficit primário do governo central somou 23,770 bilhões de reais em valores nominais, também o pior para o período da série histórica. Na mesma etapa de 2015, houve superávit de 6,489 bilhões de reais. Para o ano, o governo do presidente interino Michel Temer ganhou sinal verde do Congresso no mês passado para registrar déficit primário do governo central de até 170,5 bilhões de reais. Se confirmado, será o terceiro resultado no vermelho seguido e o maior rombo da série. Sem conseguir fazer superávit -- economia para o pagamento de juros da dívida pública --, o país tem visto sua dívida bruta saltar. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem ressaltado a busca pela sustentabilidade fiscal como prioridade, e encaminhou para o Congresso a proposta para implementar um teto para o crescimento dos gastos públicos.
(Por Marcela Ayres)