BRASÍLIA (Reuters) - O governo central registrou superávit primário de 1,464 bilhão de reais em março, apurando no acumulado do primeiro trimestre a economia de gasto público mais baixa para o período desde 1998, um resultado que torna mais difícil o cumprimento da meta fiscal de 2015 mesmo com o ajuste em andamento.
Entre janeiro e março, a economia feita pelo governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) para o pagamento de juros ficou positiva em apenas em 4,485 bilhões de reais.
O resultado mensal foi obtido a partir de um superávit de 8,030 bilhões de reais do Tesouro Nacional, enquanto a Previdência Social e o Banco Central tiveram déficits primários de 6,523 bilhões de reais e de 42,9 milhões de reais, respectivamente.
Em março, a receita líquida do governo central somou 82,596 bilhões de reais, com alta de 3,3 por cento a igual mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre atingiu 255,617 bilhões de reais, 2,9 por cento acima do verificado em igual período de 2014.
Já a despesa mensal ficou em 81,132 bilhões de reais, 5,7 por cento maiores em relação a março de 2014, puxada pelo pagamento de benefícios trabalhistas e assistenciais e gastos com a máquina pública. Nos três primeiros meses deste ano ficou em 251,132 bilhões de reais, 6,8 por cento acima dos dispêndios nos primeiros três meses do ano passado.
Os números mostram as dificuldades do governo para cumprir a meta de superávit primário do setor público consolidado de 66,3 bilhões de reais, correspondente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), num cenário de arrecadação tributária afetada pela economia fraca, de elevadas desonerações e despesas públicas crescendo mais que a receita.
Do total dessa meta, 55,3 bilhões de reais cabem ao governo central.
A fim de conter gastos e reforçar o ajuste fiscal em curso, o governo prepara para as próximas semanas o contingenciamento de verbas do Orçamento da União.
As autoridades têm dito que o corte de despesa será do tamanho necessário para se cumprir a meta fiscal, mas há temores no governo sobre o risco de paralisação da máquina pública.
(Por Luciana Otoni)