O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta quarta, 16, que o governo concluiu não haver necessidade de retomada do horário de verão neste ano. Contudo, está mantida a possibilidade da volta da medida no próximo ano, dependendo da situação.
"Tive zelo e cuidado para fazer esse debate. Hoje, na última reunião com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), concluímos que não há necessidade do horário de verão neste ano. Fizemos análise criteriosa sobre a necessidade do horário de verão."
O ministro lembrou que a discussão da necessidade de retomada do horário de verão foi iniciada em razão da pior seca vivida pelo País desde 1950. "Graças a medidas ao longo do ano, conseguimos chegar com os reservatórios com índices de eficiência", disse.
Do ponto de vista da segurança energética, o adiantamento dos relógios em uma hora, que caracteriza o horário de verão, é justificado pela necessidade de redução de consumo de energia elétrica no horário de pico, no final da tarde. Em tese, assim se pode ter um melhor aproveitamento da luz natural em um horário de forte demanda.
O horário de verão no País normalmente era adotado a partir do mês de outubro e durava até fevereiro do ano seguinte. Em razão do cenário hidrológico desfavorável atual, que exige o acionamento mais frequente das termoelétricas, que produzem energia mais cara para atendimento dos picos de demanda, o retorno do horário de verão chegou a ser apontado como uma realidade "premente" pelo ministro Silveira.
Maior eficiência
Em setembro, o ONS divulgou nota técnica avaliando que a volta da medida poderia trazer maior eficiência ao Sistema Interligado Nacional (SIN), especificamente no atendimento ao consumo entre 18h e 20h - período em que o sistema é mais pressionado pela alta demanda.
Segundo Silveira, a decisão de abrir mão da retomada do horário de verão neste ano foi "técnica, sem interferência de aspectos políticos". "A decisão sobre horário de verão não é do governo, é do ministro de Minas e Energia", disse.
Segundo ele, a possibilidade da volta da medida está aberta para os próximos anos, dependendo de análises. "Não é uma decisão política, é uma decisão técnica. No Brasil, por ter sido instalado por questão energética e não econômica, o horário de verão tem um condão que alguém deve decidir fazê-lo ou não. Fico com ônus da decisão", disse Silveira que comunicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a decisão por telefone na manhã de ontem.
Antes de tomar a decisão, Silveira ouviu setores empresariais. Dos representantes das companhias aéreas, ouviu que é necessário ao menos seis meses para adaptação de seus sistemas à mudança do horário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.