Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo elevou nesta quinta-feira sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano a 0,9%, sobre 0,85% anteriormente, segundo nova grade de parâmetros macroeconômicos divulgada pelo Ministério da Economia.
Para o ano que vem, a estimativa também foi melhorada a um aumento de 2,32% do PIB, sobre 2,17% antes, ficando, nesse caso, ainda mais otimista do que já estava em relação ao mercado.
No boletim Focus, feito pelo Banco Central junto a uma centena de economistas, as expectativas mais recentes são de elevação de 0,92% do PIB em 2019 e 2,0% em 2020.
O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, defendeu que a perspectiva da equipe econômica não é otimista, mas até conservadora em vista das mudanças que estão sendo processadas na economia, consideradas estruturais pelo time do ministro Paulo Guedes.
"O que nós estamos querendo ressaltar é que o crescimento está lento quando você olha no agregado, quando você separa privado e público, o privado já mostra sinal de dinamismo, essa é a história que nós estamos contando", disse Sachsida.
Após os leilões de petróleo dos últimos dias terem contado com tímida participação de estrangeiros, o secretário avaliou ainda que isso não significa que há pouca confiança por parte dos investidores na economia brasileira.
"Temos que olhar se desenho do leilão foi mais adequado, se questão da partilha está até que ponto afetando isso", disse.
Para a secretaria de Política Econômica (SPE), vários fatores estão engatilhando uma aceleração da atividade no ano que vem.
"O aumento da confiança, expansão do crédito, redução dos juros de equilíbrio, criação de postos de trabalho e expectativa de aumento de produtividade, resultantes da redução no déficit fiscal estrutural e das políticas para redução de ineficiências alocativas são fatores relevantes para impulsionar o crescimento da economia em 2020", disse a SPE em nota.
No documento, a secretaria destacou que a aprovação da reforma da Previdência teve contribuição "substancial" para diminuição do risco país e juros de equilíbrio, o que, na sua visão, tenderá a alavancar uma condição de maior crescimento.
Em fevereiro, contudo, a SPE chegou a estimar que o Brasil teria um crescimento de apenas 0,8% em 2019 se não aprovasse uma reforma da Previdência.
À época, a projeção oficial era de elevação no PIB de 2,5% este ano, sendo que a SPE calculou que o aval dos parlamentares às novas regras para a aposentadoria poderia elevar esse patamar para 2,9% ainda em 2019.
Para o terceiro trimestre deste ano, a SPE calculou nesta quinta-feira que haverá um aumento de 0,33% do PIB sobre os três meses anteriores, com elevação de 0,87% ante igual período do ano passado.
IPCA
Já em relação à inflação oficial medida pelo IPCA, a equipe econômica diminuiu suas contas a uma alta de 3,26% este ano, sobre patamar de 3,62% da última estimativa, feita em setembro.
Com isso, o número fica um pouco mais distante do centro da meta de inflação deste ano, que é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Para 2020, a SPE prevê IPCA de 3,54%, ante percentual de 3,91% projetado no Projeto de Lei Orçamentária Anual já enviado ao Congresso, e frente a uma meta de 4,0%, também com banda de 1,5 ponto.
No Focus, economistas calculam alta de 3,29% para o IPCA este ano e de 3,60% no ano que vem.