Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A greve dos caminhoneiros no final de maio afetou a entrega de insumos à indústria brasileira e prejudicou a produção e o número de pedidos, levando o setor a registrar contração em junho pela primeira vez em 15 meses, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
O IHS Markit informou que o PMI da indústria brasileira recuou a 49,8 em junho de 50,7 em maio, na primeira vez em que vai abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração desde março de 2017.
A produção industrial apresentou queda e interrompeu em junho uma série de 15 meses de crescimento, com recuo na quantidade de novos trabalhos e escassez de insumos.
Os pedidos recebidos diminuíram pela primeira vez desde fevereiro de 2017, com a demanda afetada pelos protestos dos caminhoneiros, que bloquearam estradas em todo o país no final de maio, prejudicando o abastecimento de combustíveis, alimentos e outros insumos.
Por outro lado, a demanda externa melhorou, com as novas vendas para exportação crescendo no ritmo mais rápido desde novembro em sintonia com a desvalorização do real ante o dólar.
Entretanto, a escassez de alguns itens e a demanda forte por eles levaram os fornecedores a elevar os preços, e assim a inflação dos custos dos insumos atingiu em junho o segundo nível mais alto nos 12 anos da série do PMI.
A carga adicional de custos foi repassada aos clientes, e a taxa de inflação dos preços dos produtos finais foi em junho a mais forte desde fevereiro de 2016.
Os empresários da indústria voltaram a demitir funcionários no mês passado buscando reduzir custos, encerrando oito meses seguidos de crescimento de emprego no setor.
O cenário provocou recuo do grau de otimismo na indústria para um recorde de baixa de oito meses, embora os produtores ainda prevejam crescimento da produção nos próximos 12 meses, de acordo com o IHS Markit.