Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira cresceu mais do que o esperado em dezembro e fechou o quarto trimestre do ano passado com resultado positivo, terminando 2023 com crescimento de 2,45%, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou em dezembro crescimento de 0,82% em relação a novembro em dado dessazonalizado, resultado acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,75%.
Foi o quarto resultado mensal positivo e o mais forte desde abril de 2023 (+1,3%), o que ajudou o índice a fechar o quarto trimestre com expansão de 0,22% sobre os três meses anteriores, em dado dessazonalizado.
O BC ainda revisou o resultado de novembro para uma expansão de 0,1%, de variação positiva de 0,01% informada antes. Na comparação com dezembro do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 1,36%, de acordo com números observados.
"Importante ressaltar que, apesar da desaceleração da atividade econômica nos últimos meses de 2023, ainda influenciada pelos efeitos da política monetária restritiva e o esgotamento da expansão de alguns setores, a economia brasileira se mostrou mais resiliente e dinâmica que o esperado ao longo de todo ano", avaliou Rafael Perez, economista da Suno Research.
Depois de surpreender no primeiro semestre de 2023 e mostrar resiliência no terceiro trimestre, a expectativa era de que a economia brasileira teria terminado o ano rondando a estagnação.
De um lado pesaram os efeitos defasados dos juros elevados, o alto endividamento das famílias e a dissipação dos efeitos do setor agrícola. Mas o mercado de trabalho favorável e o arrefecimento da inflação favoreceram de outro.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará em 1° de março os números oficiais do PIB em 2023. Em 2022, o PIB brasileiro cresceu 3,0%.
Tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda projetaram no final do ano passado uma expansão de 3,0% do PIB em 2023.
Dados recentes mostram que o último mês do ano foi marcado por desempenho melhor do que o esperado da indústria, mas queda intensa das vendas varejistas e decepção com o aumento no volume de serviços.
"Para 2024, embora alguma desaceleração já seja esperada, algumas questões chaves ainda precisam ser respondidas. A principal delas é justamente sobre o setor de serviços, que tem se mostrado bastante resiliente à desaceleração econômica", destacou Helena Veronese, chefe de economia da B.Side Investimentos.
Também fica no foco em 2024 o afrouxamento monetário iniciado em agosto pelo Banco Central e medidas para o equilíbrio fiscal, com a cena externa voltada para a perspectiva de redução dos juros globais. O Banco Central já tirou a taxa básica de juros Selic do pico de 13,75% para o patamar atual de 11,25%.
Na ata da sua reunião de política monetária de janeiro, o BC avaliou que o cenário-base seguia sendo o de desaceleração gradual do crescimento econômico doméstico, com resiliência no consumo das famílias, mas menor dinamismo do investimento. O documento citou que o aumento do salário-mínimo e dos benefícios sociais, associado a um mercado de trabalho mais resiliente, poderiam atenuar a desaceleração nos próximos meses.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.