A taxa de desemprego atual no País remonta aos menores patamares da série histórica iniciada em 2012. O fenômeno é fruto de um efeito acumulado de aumento da população ocupada há vários trimestres, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Estamos próximos ao menor valor, mas ainda não é o menor valor", lembrou Beringuy.
A taxa de desocupação ficou em 6,6% registrada no trimestre terminado em agosto, o menor resultado para esse período do ano em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE. O resultado de agosto de 2024 representou ainda o menor patamar de desemprego desde o trimestre móvel terminado em dezembro de 2014, quando a taxa também foi de 6,6%. A taxa mais baixa da série foi a verificada no trimestre terminado em dezembro de 2013, de 6,3%.
"Estamos diante dos maiores níveis de ocupação para trimestres encerrados em agosto", acrescentou Beringuy.
No trimestre terminado em agosto de 2024, o nível da ocupação foi de 58,1%, melhor resultado para esse período do ano desde 2013.
"A ocupação cresce acima do crescimento da população. O que isso denota? O mercado de trabalho aquecido. Ou seja, eu tenho geração de trabalho num nível suficiente de modo a dar conta do próprio crescimento da população. A taxa de crescimento da ocupação supera a taxa de crescimento da população em idade de trabalhar", ressaltou Beringuy.
A pesquisadora afirma que diversos setores da atividade econômica têm registrado expansão na demanda por trabalhadores. Há demanda por trabalhadores tanto formais quanto informais, completou.
"Estamos diante de um cenário de um crescimento generalizado da ocupação na Pnad Contínua. Cresce com carteira, cresce sem carteira", disse ela.
Recalibragem da Pnad
Está prevista para o segundo semestre de 2025 a divulgação da recalibragem da amostra e, consequentemente, dos dados da Pnad Contínua conforme as novas projeções da população brasileira, divulgadas pelo IBGE com base no Censo Demográfico de 2022. A estimativa é de Adriana Beringuy.
"Ainda não temos um cronograma, porque ainda precisamos desses insumos da nossa Coordenação de População e de muitos processamentos de bancos de dados", ponderou Beringuy. "A nossa expectativa é que, no segundo semestre de 2025, a gente tenha os dados do mercado de trabalho já calibrados pelas novas projeções (de população)."
O processo de calibração exige o processamento de todos os dados já divulgados pela Pnad Contínua desde o início da série histórica, em 2012.
"Hoje ainda não temos os insumos para fazer isso", afirmou Beringuy.
Porém, a pesquisadora diz que o processo de calibração da amostra não costuma provocar mudanças muito significativas nos resultados da pesquisa. "Pelo histórico que temos de outras operações censitárias, não costuma ter", disse.
Segundo Beringuy, o fenômeno de envelhecimento da população brasileira já era conhecido, e a pesquisa possui metodologia de acerto constante da amostra. Na última revisão, a partir de 2020, o IBGE inseriu uma calibragem da amostra também por idade, além da já existente, a calibragem por sexo.
Beringuy ressalta ainda que, embora a amostra atual tenha como base as projeções da população de 2018, as entrevistas com a população são frequentes, feitas mês a mês. Portanto, a ausência das informações do censo não invalidariam as aferições sobre a situação do mercado de trabalho feitas mensalmente na coleta de campo, defende. "A gente trabalha com correções, a gente trabalha com calibrações, a gente tem métodos estatísticos para corrigir e calibrar isso", declarou.