SÃO PAULO (Reuters) - A inadimplência manteve em maio a tendência de queda no mercado de crédito brasileiro, voltando ao menor patamar em quase três anos, em meio ao cenário de taxa de juros na mínima histórica e atividade econômica mais fraca.
A inadimplência no segmento de recursos livres registrou leve queda a 4,6 por cento em maio, ante 4,7 por cento em abril, informou o Banco Central nesta quarta-feira. Foi o quarto mês seguido de reduções e igualou-se ao patamar visto em junho de 2015.
No período, o spread bancário --diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final-- cedeu 2,2 pontos, passando a 31 pontos percentuais.
No segmento de crédito direcionado, a inadimplência ficou estável em 1,9 por cento em maio, comparado com o mês anterior, e os spreads tiveram leve queda de 0,1 ponto, a 4,1 pontos percentuais.
A taxa básica de juros do país está na mínima histórica de 6,50 por cento desde março passado, depois de passar por forte ciclo de reduções pelo BC e demorar para se fazer sentir no mercado de crédito, diante da economia mostrando sinais mais fracos de expansão, taxa de desemprego elevada e baixa confiança dos agentes econômicos.
O cenário ficou ainda mais complicado após a greve dos caminhoneiros em maio, que causou forte desabastecimento no país e tem afetado as projeções de crescimento do Brasil para este ano, agora rondando 1,5 por cento, a metade do que chegaram há poucos meses.
Ainda segundo o BC, a taxa média de juros no segmento de crédito livre recuou 1,7 ponto percentual em maio, a 39,2 por cento ao ano. Foi o terceiro mês seguido de queda, como ocorreu com o crédito direcionado, que fechou maio a 8,5 por cento, frente a 8,6 por cento em abril.
O BC informou também que estoque de crédito total do Brasil subiu 0,5 por cento em maio sobre o mês anterior, a 3,107 trilhões reais, número que considera também o saldo de crédito direcionado. Com isso, manteve-se em 46,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Neste mês, o BC previu que saldo de crédito das pessoas jurídicas deve encolher 2 por cento em 2018 por conta da perda de força do crédito direcionado, enquanto que para as pessoas físicas deve aumentar 7 por cento.
(Por Patrícia Duarte)