Por Bruno Kelly
LÁBREA, Amazonas (Reuters) - Uma fumaça espessa se erguia sobre a floresta amazônica enquanto o fogo se alastrava pela mata devastada, e árvores derrubadas estavam espalhadas pela terra queimada como palitos de fósforo usados.
Uma testemunha da Reuters viu vastas áreas queimadas e árvores derrubadas nesta semana, quando o chamado arco do desmatamento avançou mais fundo pela floresta até Lábrea (AM), cidade com a maior quantidade de incêndios neste ano.
Os incêndios aumentaram na floresta amazônica brasileira em agosto ante julho, de acordo com dados do governo, e os focos de fogo no mês ficaram bem acima da média histórica pelo terceiro ano consecutivo na gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Tais níveis foram vistos pela última vez uma década atrás.
Bolsonaro é amplamente criticado por ambientalistas impulsionar o desenvolvimento na Amazônia, ao mesmo tempo em que trabalha para enfraquecer as proteções ambientais. Cientistas temem que o ritmo rápido da destruição possa sabotar as tentativas globais de limitar a mudança climática.
O presidente tenta revogar direitos de terras indígenas, que protegem grandes porções da floresta, e tem debilitado as agências ambientais, outorgando as responsabilidades de vigilância aos militares.
Áreas recém-desmatadas próximas de Lábrea estão sendo transformadas em pasto para gado. Estradas informais de madeireiros se espalham pela Rodovia Transamazônica, que termina em Lábrea.
Nas imediações, há sinais de que a destruição também está se aproximando do Parque Nacional de Mapinguari e da reserva indígena de Caititu.
Satélites registraram 28.060 focos de incêndio na Amazônia brasileira em agosto, um declínio de 4% na comparação com o mesmo mês de 2020, quando as chamas atingiram seu recorde em uma década, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e é vista como uma defesa vital contra a mudança climática por causa da vasta quantidade de dióxido de carbono que sua vegetação absorve e armazena.
Os níveis elevados de incêndios surgem apesar de uma proibição imposta pelo governo a incêndios ao ar livre e à mobilização militar em reação à devastação pelo terceiro ano seguido.
A Reuters não viu indícios de bombeiros ou esforços de vigilância ambiental em Lábrea. O Ministério do Meio Ambiente não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
(Por Bruno Kelly, em Lábrea, e Jake Spring, em Brasília)