BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - As incertezas econômicas continuam elevadas e o primeiro trimestre será desafiador para o Brasil, mas a política monetária estimulativa, a expansão da vacinação, a consolidação fiscal e a continuidade das reformas vão permitir o aumento da confiança e maior vigor econômico ao longo de 2021, avaliou a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia nesta quarta-feira.
Em nota divulgada após números do IBGE mostrarem que o PIB do país caiu 4,1% no ano passado --maior tombo da série que começa em 1996--, a SPE, responsável pelas projeções macroeconômicas no ministério, ressaltou que o desempenho superou estimativas feitas ao longo de 2020.
"Embora tenha ocorrido forte recuo da economia no primeiro semestre de 2020, especialmente no segundo trimestre, a atividade econômica voltou a apresentar um ritmo de recuperação consistente ao longo do segundo semestre de 2020", destacou o texto, acrescentando que o desempenho se deu pela melhora da indústria e comércio, que retomaram patamares pré-pandemia.
"O setor de serviços, que foi o mais afetado pela pandemia e pelo distanciamento social, já está próximo do nível anterior à pandemia e, com a continuidade da vacinação, será a força motriz da atividade neste ano", disse a SPE.
A secretaria lembrou que a projeção oficial do Ministério da Economia para 2021 é de crescimento de 3,2% do PIB.
"Contudo, para continuar avançando ainda mais, é necessária a aprovação das reformas estruturais e das medidas que viabilizem a consolidação fiscal."
Enquanto a SPE divulgava a nota sobre o PIB, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, falava a jornalistas em coletiva virtual, na qual destacou o desempenho da economia melhor que o previsto pelas estimativas feitas na sequência dos primeiros impactos da pandemia.
Questionado sobre o que causou a divergência entre estimativa do ministro da Economia, Paulo Guedes --de retração do PIB menor que 4% em 2020--, e o número oficial (-4,1%), Waldery afirmou que os dados de consumo das famílias (sob a ótica da demanda) e do setor de serviços (oferta) vieram mais fracos.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou contração de 4,1% em 2020, sob impacto das medidas de contenção ao coronavírus e após três anos de ganhos, com a atividade no ritmo mais fraco desde o início da série iniciada em 1996.
Waldery afirmou que a equipe econômica está avaliando quais medidas adotadas no ano passado (e sem impacto fiscal) poderiam ser repetidas em 2021 e destacou que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM), dentre os colocados em prática, teve "alta efetividade".
"(Sobre) todas as outras (medidas) que foram tomadas, temos a aprendizagem do que funciona e do que não funciona", disse, citando ainda os diferimentos de impostos, também aplicados em 2020.
(Por José de Castro e Isabel Versiani)