Por Krishn Kaushik e Fayaz Bukhari e Shilpa Jamkhandikar
NOVA DÉLHI (Reuters) - Índia e China chegaram a um acordo sobre o patrulhamento da fronteira entre os dois países, encerrando um impasse militar de quatro anos, disse o ministro das Relações Exteriores indiano nesta segunda-feira, o que abre caminho para a melhora dos laços políticos e comerciais entre os gigantes asiáticos.
O acordo ocorre na véspera da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à Rússia para a cúpula do Brics, de 22 a 24 de outubro, durante a qual ele poderá conversar com o presidente chinês, Xi Jinping, segundo autoridades indianas.
As relações entre os dois países mais populosos do mundo - ambos potências nucleares - têm sido tensas desde que confrontos entre suas tropas na fronteira em grande parte não demarcada no Himalaia ocidental deixaram 20 soldados indianos e quatro chineses mortos em 2020.
Desde então, os dois lados pararam de patrulhar vários pontos ao longo da fronteira na região de Ladakh para evitar novos confrontos, ao mesmo tempo em que transferiram dezenas de milhares de novas tropas e equipamentos militares para mais perto das terras altas geladas.
"Chegamos a um acordo sobre o patrulhamento e, com isso, voltamos à situação em que estávamos em 2020 e podemos dizer... que o processo de desengajamento com a China foi concluído", disse o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, à emissora NDTV.
O "entendimento foi alcançado hoje", disse ele, acrescentando: "Sempre dissemos que, se você perturbar a paz e a tranquilidade, como o restante do relacionamento poderá avançar?"
Para evitar confrontos, as duas Forças Armadas patrulharão os pontos contestados ao longo da fronteira de acordo com um cronograma acordado, disse à Reuters um oficial militar indiano ciente dos detalhes.
Os dois lados monitorarão a área em Ladakh para garantir que não haja violações, acrescentou o oficial.
As autoridades de Pequim não comentaram o assunto.
Autoridades em Nova Délhi disseram que o pacto abre caminho para uma provável reunião bilateral entre Modi e Xi à margem da cúpula do Brics, que seria a primeira desde 2020.
O progresso lento durante as discussões nos últimos quatro anos para pôr fim ao impasse prejudicou os laços comerciais entre as duas grandes economias, com Nova Délhi reforçando a atenção sobre investimentos de empresas chinesas e interrompendo grandes projetos.
Questionado sobre o impacto do acordo desta segunda-feira sobre o comércio e os investimentos da China, Jaishankar disse: "Isso acabou de acontecer. Haverá reuniões para ver quais serão as próximas etapas. Eu não me precipitaria."