Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta quinta-feira, por unanimidade, a indicação da economista Fernando Nechio para a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central, e seu nome será agora encaminhado para apreciação do plenário.
Em sua sabatina na comissão, Nechio defendeu que a aprovação de reformas fiscais é fundamental para permitir a retomada do crescimento sustentável e a queda da taxa de juros estrutural.
"Essas reformas são importantes para que a política monetária tenha eficiência no cumprimento de seus objetivos com um menor custo", afirmou Nechio em discurso.
Ao responder a perguntas dos senadores sobre o nível dos compulsórios no país, a economista afirmou que o instrumento se mostrou muito importante durante a crise financeira de 2008, mas que ainda assim o BC tem como meta reduzir seus níveis, considerados elevados, e simplificar sua cobrança.
Nechio destacou, contudo, que não há informações sobre prazos ou objetivos do programa de redução dos compulsórios.
Na última semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo pretende reduzir os compulsórios em 100 bilhões de reais. O BC divulgou uma nota negando que haja "prazos ou montantes" para a estratégia de redução.
Em resposta a outra pergunta dos senadores, Nechio disse considerar "arriscado" discutir a possibilidade de usar as reservas internacionais do país em "situações voluntaristas", como para ações de estímulo ao crescimento.
Para a economista, essa medida poderia gerar incerteza sobre a capacidade do país de honrar compromissos futuros. "Pode ser contraproducente", afirmou.
Em discurso, Nechio disse que, se seu nome for aprovado pelo Senado, pretende contribuir para o trabalho da autoridade monetária de manter a conquista da inflação baixa e estável e de assegurar a estabilidade financeira.
Nechio, que nos últimos dez anos atuou como economista no Federal Reserve de São Francisco --parte do sistema que compõe o banco central dos Estados Unidos--, frisou que apenas a inflação baixa e estável protege o nível de renda, mantém eficazes as políticas de redução da desigualdade e viabiliza o planejamento de investimentos.
A economista foi indicada pelo diretor Roberto Campos Neto para substituir o diretor Tiago Berriel, que foi levado para o Banco Central pelo ex-presidente Ilan Goldfajn.
Em seu discurso, Nechio destacou que, no cenário internacional, "permanecem os riscos de uma desaceleração da economia global decorrentes de incertezas sobre políticas econômicas e geopolíticas, com impactos na dinâmica da atividade econômica brasileira".
Mas ela ressaltou que a atuação do BC, com reservas internacionais robustas e uma condução firme da política monetária, tem contribuído para criar as condições para que a economia absorva instabilidade no cenário internacional.