PEQUIM (Reuters) - A produção industrial da China cresceu muito mais rápido do que o esperado no início do ano, sugerindo que a economia pode estar ganhando força mesmo com o presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump, preparando fortes tarifas contra um dos principais motores de seu crescimento, a tecnologia.
Tarifas sobre as exportações de tecnologia podem potencialmente afetar o segmento do setor industrial da China, uma área que os líderes do país querem promover conforme buscam um crescimento econômico de "maior qualidade".
Trump busca impor tarifas sobre 60 bilhões de dólares de importações chinesas pelos EUA e vai mirar os setores de tecnologia e telecomunicações, informou a Reuters na terça-feira.
A mais recente ameaça comercial dos EUA, após a adoção de taxas sobre o aço e o alumínio na semana passada, ofuscou os dados robustos de produção industrial e de investimentos da China para os dois primeiros meses do ano.
"Existe uma boa possibilidade de que Trump faça muito mais contra a China...A situação comercial é obviamente um risco e um desafio relativamente novo para a China", disse o economista Kevin Lai, do Daiwa Capital Markets.
A produção industrial avançou 7,2 por cento entre janeiro e fevereiro na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira, contra expectativa de analistas de 6,1 por cento e registrando forte aceleração sobre a marca de 6,2 por cento de dezembro.
Analistas esperavam uma ligeira queda devido à repressão sobre as indústrias poluentes, mas os dados mostraram que a produção de aço da China subiu para o nível mais alto em meses uma vez que as siderúrgicas se prepararam para a aceleração sazonal na construção na primavera.
Entretanto, os dados do início do ano na China são normalmente tratados com cautela devido a distorções provocadas pela data em que cai o feriado de uma semana do Ano Novo Lunar, no final de janeiro em 2017 mas em meados de fevereiro neste ano.
Uma inesperada recuperação dos investimentos também sugere um cenário mais resiliente para a economia, mesmo sob o peso de atritos comerciais com os EUA.
O crescimento do investimento em ativos fixos acelerou para 7,9 por cento entre janeiro e fevereiro contra expectativa de 7 por cento e ante ritmo de 7,2 por cento em 2017.
As vendas varejistas também retomaram força, avançando 9,7 por cento diante de expectativa de alta de 9,8 por cento e sobre 9,4 por cento em dezembro.
(Reportagem de Kevin Yao e Cheng Fang)