SÃO PAULO (Reuters) - A produção de embalagens no Brasil deve fechar 2014 com queda de cerca de 1 por cento, disse a Associação Brasileira de Embalagem (Abre) nesta quarta-feira, resultado pior que o cenário mais pessimista traçado para o setor em meados deste ano.
Estudo do Ibre/FGV, em parceria com a Abre e divulgado em agosto, estimava que a produção física teria estabilidade neste ano em relação a 2013, com retomada na produção no segundo semestre, compensando a queda de 0,73 por cento sofrida nos primeiros seis meses do ano.
A melhora não ocorreu como esperado e a produção deve ficar abaixo da previsão apontada no cenário mais pessimista do estudo, de queda de 0,7 por cento em 2014.
"Após a Copa do Mundo, sentimos que o mercado estava muito estocado e a demanda esperada não aconteceu", disse à Reuters a diretora-executiva da Abre, Luciana Pellegrino, citando falta de confiança do consumidor e a cautela dos empresários como principais motivos para a demanda abaixo do esperado.
"Em setembro, houve alguma retomada, mas ainda muito leve. O mercado ficou bastante retraído", acrescentou.
Apesar disso, Pellegrino espera um aumento do faturamento da indústria de embalagens neste ano, influenciado pela oscilação dos preços das matérias-primas e pelo foco de empresas em produtos de maior valor agregado e na contenção de custos.
A expectativa em agosto era de alta de 8,1 por cento do faturamento neste ano, para 56 bilhões de reais, ante 2013.
Para 2015, apesar da expectativa ser de ajustes macroeconômicos e da fraqueza na economia, Pellegrino vê as empresas do setor mais preparadas, buscando aumentar a eficiência e lançar produtos diferenciados.
"O mercado brasileiro deixa de ser um mercado só de volumes e passa a ser um mercado de customização", disse Pellegrino.
Na indústria de alimentos, por exemplo, isso tem ocorrido com uso de novos materiais e oferecimento de pacotes de refeições prontas em porções individuais, atendendo demanda mais específicas de consumidores.
Outra medida tomada pelas empresas tem sido a maior eficiência do sistema de distribuição, com alterações nas dimensões das embalagens para transportar mais produtos em uma única viagem, disse Pellegrino.
(Por Priscila Jordão)