Investing.com - O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de agosto, que será divulgado amanhã (12) às 09h00 (de Brasília) pelo IBGE, deve confirmar a retomada da aceleração de preços iniciada em julho. Essa é a avaliação dos economistas ouvidos pelo Investing.com Brasil e das estimativas de mercado, que apontam a alta dos combustíveis como vilão da inflação no mês passado.
Após um mês de junho com deflação, a expectativa é de que o (IPCA) volte a apresentar variação positiva em agosto, a segunda consecutiva, mas ainda próximo da estabilidade. As projeções consensuais compiladas pelo Investing.com indicam uma alta anual de 4,69% - longe da mínima de 33 meses registrada em junho (+3,16%) -, mas com um avanço mensal é 0,3%, superior às estimativas apresentadas pelos economistas ouvidos por essa reportagem.
A prévia da inflação oficial, o IPCA-15,, divulgada no fim de agosto teve alta de 0,28%, acima do consenso de 0,17% do mercado. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 teve a primeira elevação em relação ao mês anterior desde o pico de 12,20% em maio de 2022. O indicador de agosto subiu de 3,19% para 4,24%, número também acima das projeções.
O resultado de agosto do IPCA-15 foi apenas uma confirmação do que ocorreu com o IPCA de julho, quando apareceu a primeira elevação da inflação desde março deste ano na margem e desde junho de 2022 no acumulado dos 12 meses anteriores. Em julho, o IPCA subiu de - 0,08% para 0,12% no dado mensal, enquanto no anual a alta foi de 3,16% para 3,99%.
O que dizem os economistas sobre a inflação de agosto?
Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, o índice de agosto ficará próximo ao que foi apresentado pelo IPCA-15, mas com uma aceleração em relação a julho. "Estamos com a expectativa de um IPCA próximo a 0,25%. Boa parte dessa aceleração é atribuída pela alta dos combustíveis que tivemos no mês, principalmente da gasolina e um pouco do diesel", explica. Ela diz ainda que a desaceleração de serviços é um fator benigno e isso deve reforçar que a política monetária continue com os cortes de 50 pontos-base.
Por outro lado, a alta de commodities é um ponto de atenção devido a um cenário externo um pouco mais desafiador. "Quando a gente olha o Índice de Commodities do Banco Central já vemos uma alta, mas isso vai depender muito da politica de preços da Petrobras (BVMF:PETR4) também", finaliza a economista do Inter.
A avaliação de elevação também está em linha com a análise da Ativa Investimentos. De acordo com o economista Guilherme Souza, há uma expectativa para alta de 0,23% no índice de agosto por conta do aumento da gasolina feito pela Petrobras. No entanto, os olhos novamente estarão voltados para a inflação de serviços subjacentes, que vem "sendo frequentemente destacada como uma das preocupações do comitê de política monetária do BC".
"Adicionalmente, a forte elevação do diesel também adiciona impacto secundário na inflação, principalmente no que toca os fretes. Por último, energia elétrica também deve vir forte em agosto, na esteira da saída do desconto de Itaipu da conta.", pondera.
A XP também acredita que a elevação seguirá em linha de 0,24% com atenção ao setor de energia elétrica. De acordo com o economista Alexandre Maluf, há uma variação prevista de 4,7% no setor, atribuindo também o fim do bônus tarifário de Itaipu. "Outro setor que tem surpreendido para baixo mês a mês é o de proteína animal", completa.
Decisão não muda ritmo do Banco Central
Iniciando o ciclo de afrouxamento monetário com o primeiro corte em três anos na Selic, o Copom avaliou em sua última ata no dia 8 de agosto que a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”.
Segundo a ata, a inflação ao consumidor segue “com uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos”. Além disso, os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que registram maior inércia inflacionária, vêm apresentando diminuição, mas continuam acima da meta para a inflação.
De acordo com os analistas, o ritmo de cortes em meio ponto percentual nas próximas reuniões, já citado em atas do Banco Central, não deve mudar, apenas em casos específicos ou de uma "surpresa" no meio do caminho.
"Não acreditamos que eventuais surpresas marginais influenciem o ritmo de corte 50bps estabelecido pelo BC. Em comunicações oficial, os membros do comitê já deixaram claro que esse deve ser o ritmo de corte nas próximas reuniões. Assim, uma suposta mudança no ritmo de cortes deve vir acompanhadas de um conjunto de elevadas surpresas", diz Sousa da Ativa Investimentos ao avaliar o cenário do Copom.
"O que a gente espera para o IPCA é o que estava no cenário da última ata do Copom e ele deve manter os cortes. Temos o processo de desinflação bem consolidado, apesar da preocupação do repique de commodities", complementa Vitória.
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