Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - A inflação de 2022 no Brasil será de aproximadamente 6,5% ou talvez um pouco menor, disse nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltando não estar celebrando esse possível resultado.
Em seminário sobre investimentos no Chile, Campos Neto afirmou que, após a deflação observada em julho com medidas adotadas pelo governo, é possível que o país tenha um total de dois ou três meses seguidos com índices de preços negativos.
O boletim Focus divulgado na segunda-feira pelo BC mostrou que o mercado reduziu sua projeção para o IPCA deste ano para 6,82%. A estimativa mais recente do Banco Central, divulgada no início de agosto, apontava para uma alta de 6,8%.
O presidente do BC explicou que o governo adotou ao mesmo tempo um conjunto de medidas com reflexo sobre a inflação, o que impactou os índices de preços. Nos últimos meses, o Executivo anunciou cortes de tributos sobre combustíveis, reduções de tarifas de importação e baixas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Em julho, o país teve uma deflação de 0,68% medida pelo IPCA, primeira variação negativa do índice desde meados de 2020.
Campos Neto voltou a afirmar nesta terça que o BC iniciou cedo a atuação no combate à inflação, ressaltando que o mercado entende que a maior parte do trabalho de política monetária no Brasil está concluído.
Ele afirmou que ainda é preciso aguardar para ter certo nível de certeza de que a inflação está atingindo ponto de inflexão.
Em sua reunião de agosto, o Comitê de Política Monetária subiu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano, e indicou que pode ter encerrado ou está perto de finalizar o ciclo de aperto.
Na apresentação, Campos Neto destacou ser importante reforçar a mensagem de que "estamos aqui para atingir nossas metas", embora as condições financeiras globais sejam voláteis.
Para o presidente do BC, o processo de convergência da inflação global às metas não é linear e não seria só uma reversão de preços de energia. "Precisamos estar preparados para isso", disse.