A inflação corrente nesta quinta-feira, 22, está desconfortável, no teto da banda no acumulado em 12 meses, segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que participou de evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo.
Ainda assim, Galípolo pondera que "no longo prazo", comparando a situação atual do Brasil em relação ao momento em que o diretor do BC nasceu, em 1982, "a inflação está em patamar mais civilizado". O diretor do BC citou que naquela época tinha moratória e o Brasil não tinha reservas internacionais. Já atualmente, as reservas internacionais existem no Brasil e "fazem parte de conquista estrutural".
Mercado imobiliário
Galípolo disse que não é funcional que o financiamento de um segmento importante como o mercado imobiliário dependa da poupança, que entrou em uma tendência de queda.
O diretor do BC disse que a baixa da poupança parece ter um caráter não só conjuntural, como também estrutural, porque há uma nova geração que conhece e tem acesso a outros tipos de ativos que remuneram melhor.
"Não é muito adequado o diretor de Política Monetária falar isso, mas ela a poupança depende, para ela continuar crescendo, para usar um eufemismo, de uma assimetria e informação, porque a poupança paga menos do que a taxa básica de juros livre de risco", afirmou.
Segundo o diretor, quanto mais acesso à informação as pessoas tiverem, a tendência é que se aplique cada vez menos na poupança, o que exige uma mudança do modelo de funding. "A discussão é como fazer a transição para algum outro tipo de modelo, não é simples, nem tende a ser rápido", ele disse, citando como exemplo a securitização de hipotecas nos Estados Unidos.
Reservas em dólares e títulos dos EUA
O Brasil tem uma concentração grande de reservas em dólares e títulos dos Estados Unidos, que conferem "muito conforto" ao País, segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
O diretor do BC mencionou ainda que "reserva é algo que você não quer precisar usar, mas quer ter".