Rio de Janeiro, 8 mai (EFE).- A inflação do Brasil em abril foi de 0,71%, a menor nos últimos cinco meses embora ligeiramente superior à medida no mesmo mês de 2014 (0,67%), informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
O índice de preços em abril contrastou com o medido em março (1,32%), que foi o maior para um mês em 15 anos. A inflação não tinha sido tão elevada desde a medida em fevereiro de 2003 (1,57%).
O resultado da taxa em abril mostrou que as medidas adotadas pelo governo para fazer frente à alta dos preços, principalmente a elevação dos juros, finalmente começam a dar resultados depois que a inflação fora declarada como uma das maiores preocupações do país este ano.
Com a redução da inflação em abril, o índice acumulado nos quatro primeiros meses do ano ficou em 4,56%, muito acima de 2,86% acumulado entre janeiro e abril do ano passado.
Apesar de começar a ceder em fevereiro, a inflação anual chegou até 8,17%, quase dois pontos acima de 6,28% acumulado nos 12 meses entre maio de 2013 e abril de 2014.
A inflação acumulada nos primeiros quatro meses do ano (4,56%) é a maior para o período desde 2003 (6,15%) e a acumulada nos últimos 12 meses (8,17%) é a maior para um ano desde dezembro de 2003 (9,3%).
Os índices acumulados põem em dúvida a possibilidade do governo cumprir com a meta imposta de terminar o ano com uma inflação de 4,5%, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais, o que permite que a taxa chegue a um máximo de 6,5%.
Os economistas do mercado financeiro prevêem para este ano uma inflação de 8,26% e o próprio governo reconhece que a taxa poderá chegar a 8,20% em 2015. Em qualquer dos casos, seria o pior resultado desde 2003, quando os preços subiram 9,3%.
O Banco Central admitiu em um relatório divulgado na quinta-feira que a meta da inflação só voltará a ser atingida no final de 2016.
Para combater a inflação, o Banco Central vem subindo gradualmente a taxa básica de juros, que em abril foi elevada até 13,25% anual, seu maior nível nos últimos seis anos, desde janeiro de 2009.
O governo reconhece que, apesar de pode conter o aumento dos preços por restringir o crédito e o consumo, a elevação das taxas de juros também pode prejudicar ainda mais a economia do país, que só cresceu 0,1% no ano passado e que, segundo as últimas projeções, pode sofrer neste ano uma contração de 1%, seu pior resultado em duas décadas.
Segundo o estudo divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE, a inflação em abril podia ter sido inclusive menor se não fosse pela elevação das taxas de energia elétrica que o governo vem promovendo para fazer frente à grave seca que o país enfrenta e que deixou em níveis mínimos de água a maioria das hidrelétricas que abastecem o país.
"As tarifas de energia, de grande importância no orçamento das famílias, foram elevadas em 1,31% em abril, um reajuste moderado frente ao expressivo aumento de 22,08% de março", segundo o Instituto. As tarifas de energia subiram neste ano 38,12%.