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Inflação tem maior nível para março em 4 anos e supera centro da meta em 12 meses

Publicado 10.04.2019, 09:54
Atualizado 10.04.2019, 09:55
© Reuters. Vendedor segura sacolas de tomate em feira de São Paulo

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial brasileira acelerou a alta com força em março e registrou o maior nível para o mês em quatro anos, levando o acumulado em 12 meses a superar o centro da meta oficial pela primeira vez desde outubro.

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,75 por cento, depois de ter subido em fevereiro 0,43 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Esse é o nível mais alto do índice desde junho de 2018 (1,26 por cento) e o mais forte para o mês de março desde a taxa de 1,32 por cento registrada em 2015.

Com isso, o índice acumulado em 12 meses passou a registrar avanço de 4,58 por cento, sobre 3,89 por cento no mês anterior, o que representa o maior nível desde fevereiro de 2017 (4,76 por cento).

Assim, o IPCA supera o centro da meta oficial de inflação do governo para 2019, de 4,25 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. É a primeira vez que isso acontece desde outubro do ano passado, quando o objetivo era de 4,5 por cento.

No mês passado, o Banco Central antecipou que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico em torno de abril ou maio, para depois recuar para patamar abaixo do centro da meta deste ano.

GASOLINA E TOMATE

Em março, a pressão veio de alimentos e transportes, que juntos representam 43 por cento das despesas das famílias e responderam por 80 por cento do índice do mês.

"O lado positivo da alta de março é que ela foi concentrada, e não espalhada. Isso mostra que ela pode ir e voltar. Temos que acompanhar o clima para os próximos meses", disse o economista do IBGE Fernando Gonçalves.

Os preços de alimentação e bebidas aceleraram a alta a 1,37 por cento, de 0,78 por cento em fevereiro, com os alimentos para consumo no domicílio subindo 2,07 por cento e tomate (31,84 por cento por cento), batata-inglesa (21,11 por cento), feijão-carioca (12,93 por cento) e frutas (4,26 por cento) pesando.

Já os custos de transportes aumentaram 1,44 por cento em março, deixando para trás a queda de 0,34 por cento no mês anterior. O avanço de 3,49 por cento nos preços dos combustíveis foi o principal responsável pelo resultado, com a gasolina custando 2,88 por cento a mais.

A inflação de serviços, por sua vez, desacelerou levemente com taxa de 0,32 por cento, de 0,39 por cento em fevereiro.

© Reuters. Vendedor segura sacolas de tomate em feira de São Paulo

Apesar da maior pressão em 12 meses, o cenário para a inflação é confortável, diante do quadro de recuperação lenta e gradual da economia e do mercado de trabalho ainda fraco, mantendo a perspectiva de manutenção dos juros básicos este ano.

Após manter a Selic na mínima histórica de 6,5 por cento, o BC indicou que, diante da retomada econômica abaixo do esperado, o balanço de riscos para a inflação passou a ter pesos iguais tanto para cima quanto para baixo, o que tirou o impedimento explícito que o BC vinha apontando para eventualmente diminuir os juros à frente.

A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC mostra que os economistas projetam alta do IPCA este ano de 3,90 por cento, indo a 4 por cento em 2020.

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