Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta terça-feira, em linha com outros mercados de câmbio, com investidores cautelosos antes de eventos importantes nos Estados Unidos e que podem dar sinais para onde a política monetária da maior economia do mundo vai caminhar.
No dia seguinte, será divulgado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no segundo trimestre e a decisão do Federal Reserve, banco central do país. Também ajudou a limitar as oscilações do câmbio a constante atuação do Banco Central brasileiro.
A moeda norte-americana subiu 0,34 por cento, a 2,2311 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,2 bilhão de dólares.
"Amanhã começa direito a semana", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Economistas estimam que a economia dos EUA tenha crescido 3,0 por cento, em termos anualizados, no segundo trimestre. Isso confirmaria a tese de que estaria se recuperando após a contração do início do ano devido ao rigoroso inverno.
Os investidores também não esperam grandes surpresas para a decisão de quarta-feira do banco central norte-americano, que tem reduzido gradualmente seus estímulos econômicos. Atualmente, o mercado estima que a alta dos juros no país só deve ocorrer em meados do ano que vem, algo que tem potencial para atrair recursos alocados em outras praças financeiras, como a brasileira.
O dólar também subia contra moedas como o euro e os pesos chileno e mexicano.
No Brasil, analistas afirmaram que a disputa pela formação da Ptax de julho, na quinta-feira, deve movimentar o mercado nas duas próximas sessões. Por outro lado, a constante atuação do BC no câmbio tende a amortecer as oscilações, como ocorreu nesta sessão.
"O que a gente percebe é que, com o BC atuando do jeito que vem atuando, é necessária uma verdadeira comoção para que o dólar saia desses níveis", afirmou o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros.
Boa parte do mercado acredita que a autoridade monetária quer que a moeda norte-americana oscile dentro da banda informal de 2,20 a 2,25 reais para evitar impactos adversos sobre as exportações ou sobre a inflação.
Nesta sessão, o BC vendeu a oferta diária total de até 4 mil swaps cambiais, com vencimento em 2 de fevereiro de 2015, em volume equivalente a 198,7 milhões de dólares. Também foram ofertados contratos para 1º de junho de 2015, mas nenhum foi vendido.
O BC também vendeu a oferta total de até 7 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem no início de agosto. Ao todo, o BC já rolou cerca de 65 por cento do lote total, que corresponde a 9,457 bilhões de dólares.
A autoridade monetária anunciou na noite passada que fará na quinta-feira leilão de venda de até 2,25 bilhões de dólares com compromisso de recompra no início de 2015. A assessoria do BC não informou o montante que vence no mês que vem.
"Em termos de cotação, essa operação nem favorece nem desfavorece. O BC está só fornecendo liquidez para o mercado e isso acaba deixando os investidores um pouco mais tranquilos", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.