Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A queda nos preços de energia elétrica e de comunicação ajudou a inflação brasileira a desacelerar com força em março no ambiente atual de forte recessão vivida pelo país, com a taxa acumulada em 12 meses indo abaixo de 10 por cento pela primeira vez desde outubro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,43 por cento em março, contra alta de 0,90 por cento no mês anterior, o nível mais baixo desde agosto (0,22 por cento).
Com isso, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, a alta acumulada do índice em 12 meses caiu a 9,39 por cento, contra 10,36 por cento de fevereiro.
Foi a primeira vez que o acumulado em 12 meses ficou no patamar dos 9 por cento desde outubro (quando foi de 9,93 por cento) e a taxa mais baixa desde junho (quando atingiu 8,89 por cento).
Mas ainda assim a inflação em 12 meses permanece bem acima do teto da meta estabelecida pelo governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
"Sem dúvida há uma menor demanda. Ela é um limitador ao repasse de custos e está muito claro que esse é um movimento que já começou e está se disseminando", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.
Mesmo com a retração econômica ajudando a abrandar a alta dos preços, a inflação deve encerrar 2016 ano acima do teto da meta pelo segundo ano seguido.[nL2N1770F7]
O BC vem reiterando que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros Selic, atualmente em 14,25 por cento, mas economistas já veem a redução da taxa.
"A partir de junho, quando choque de preços administrados começa a se dissipar de forma mais intensa e a recessão influencia com mais força, o quadro fica mais favorável para um corte", avalia o analista de inflação da Tendências Consultoria Marcio Milan, que projeta a Selic a 13 por cento no fim do ano.
ENERGIA X ALIMENTOS
O IBGE apontou que a principal influência para baixo no resultado de março do IPCA foi a queda de 3,41 por cento da energia elétrica, com impacto de -0,13 ponto percentual. O recuo ocorreu por conta da redução na cobrança extra da bandeira tarifária.
Isso ajudou o grupo Habitação a registrar queda dos preços em março de 0,64 por cento, enquanto Comunicação teve recuo de 1,65 por cento. Ambos representaram impacto de -0,16 ponto percentual no índice.
Por outro lado, com importante peso sobre a renda das famílias, Alimentação e Bebidas acelerou a alta a 1,24 por cento em março, sobre 1,06 por cento em fevereiro, respondendo por 74 por cento do índice do mês.
A expectativa de economistas em pesquisa da Reuters era de alta de 0,46 por cento na base mensal e de 9,42 por cento na comparação anual, segundo a mediana das projeções. 2016-04-08T144421Z_1_LYNXNPEC370VF_RTROPTP_1_BRAZIL-ECONOMY-REAL.JPG