Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial brasileira acelerou a 1,32 por cento em março pressionada primariamente pela alta da energia, e com isso ultrapassou em 12 meses o nível de 8 por cento, para atingir o patamar mais alto em pouco mais de 11 anos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 8,13 por cento em 12 meses até março, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da maior alta acumulada desde dezembro de 2003, quando o índice atingiu 9,30 por cento, e assim o IPCA mantém-se bem acima do teto da meta do governo, de 4,5 por cento, com margem de 2 percentuais para mais ou menos.
Já a alta mensal, após avanço de 1,22 por cento em fevereiro, foi a mais forte desde fevereiro de 2003, quando chegou a 1,57 por cento. Foi também a taxa mais elevada para um mês de março desde 1995.
As leituras, entretanto, ficaram pouco abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de alta de 1,39 por cento na comparação mensal e de 8,20 por cento em 12 meses.
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Gráfico de inflação: http://link.reuters.com/kuw76s
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Em março, somente a energia elétrica representou 53,79 por cento do IPCA do mês, após aumento médio de 22,08 por cento nos preços, representando impacto de 0,71 ponto percentual.
Os custos da energia vêm se destacando neste início de ano. Após o governo adotar o uso da bandeira tarifária, repassando ao consumidor os custos mais altos de geração por conta da falta de chuvas, em março entraram em vigor revisões tarifárias extraordinárias.
Segundo o IBGE, no início de março o reajuste do valor da bandeira tarifária foi de 83,33 por cento, passando de 3 reais para 5,50 reais.
Assim, o custo da energia acumula neste ano alta de 36,34 por cento, sendo que em 12 meses as contas já estão 60,42 por cento mais caras, de acordo com os dados do IBGE.
A alta dos custos da energia levou o grupo Habitação a registrar a maior variação em março, com avanço de 5,29 por cento após 1,22 por cento em fevereiro.
Com os reajustes de energia, os preços administrados são os principais pesos sobre a inflação neste ano, tendo subido 3,37 por cento em março contra 2,37 por cento em fevereiro, acumulando alta de 13,38 por cento em 12 meses.
Já Alimentação e Bebidas acelerou a alta a 1,17 por cento em março após 0,81 por cento no mês anterior. Juntos, alimentos e habitação registraram impacto de 1,08 ponto percentual no IPCA do mês e representaram 81,82 por cento do índice.
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca no Rio de Janeiro)