Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial do Brasil desacelerou com força em março e atingiu o nível mais baixo para o mês em 18 anos com queda nos preços dos alimentos, mantendo o caminho aberto para mais cortes de juros pelo Banco Central.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,10 por cento em março, contra avanço de 0,38 por cento em fevereiro, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta é a leitura mais fraca para março desde o avanço de 0,09 por cento em 2000 e ficou um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,12 por cento.[nL1N1R213S]
Após esse resultado, o IPCA-15 passou a acumular em 12 meses avanço de 2,80 por cento, sobre 2,86 por cento no mês anterior, permanecendo firmemente abaixo do piso da meta de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em 12 meses, a expectativa era de que o IPCA-15 subisse 2,82 por cento, também na pesquisa Reuters.
Segundo o IBGE, neste mês, registraram deflação os grupos Alimentação e Bebidas e Comunicação. Os preços dos alimentos, que respondem por cerca de 25 por cento das despesas das famílias, caíram 0,07 por cento, sobre alta de 0,13 por cento em fevereiro.
A alimentação no domicílio foi destaque após os preços caírem 0,29 por cento, diante dos recuos de 0,66 por cento das carnes e de 5 por cento do tomate.
Comunicação registrou deflação de 0,19 por cento, com recuo de 0,94 por cento no item telefone fixo pela redução nas tarifas de ligações de fixo para móvel.
Na outra ponta, a maior pressão de alta coube a Saúde e Cuidados Pessoais, que acelerou a 0,54 por cento em março sobre 0,34 por cento no mês anterior, por conta principalmente do aumento de 1,06 por cento nos preços dos planos de saúde.
A fraqueza da inflação vem pressionando o BC na condução da política monetária. Na quarta-feira, cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando-a à nova mínima histórica de 6,5 por cento ao ano, e indicou que fará mais uma redução da Selic em maio antes de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário.
O cenário econômico para o BC é de desemprego ainda elevado com as empresas acumulando capacidade ociosa, e uma economia em recuperação ainda em busca de engrenar com mais vitalidade.